Prometemos concluir, hoje, o item 11 do Cap. V de O Evangelho Segundo o Espiritismo, escrito por Allan Kardec. Vejamos o quanto há de esclarecedor nestes três últimos parágrafos
Prometemos concluir, hoje, o item 11 do Cap. V de O Evangelho Segundo o Espiritismo, escrito por Allan Kardec. Vejamos o quanto há de esclarecedor nestes três últimos parágrafos de Esquecimento do passad “Ao nascer, o homem traz o que adquiriu; nasce como se fez; cada existência é para ele um novo ponto de partida. Pouco lhe importa saber o que foi; ele é punido porque fez o mal e suas tendências más atuais são indício do que resta nele a corrigir, sendo nisso que deve concentrar sua atenção, porque do que está completamente corrigido não lhe resta nenhum traço. As boas resoluções que tomou são a voz da consciência, que o adverte do que é bem ou mal e lhe dá a força para resistir às más tentações. “De resto, esse esquecimento não ocorre senão durante a vida corporal. Reentrando na vida espiritual, o Espírito retoma as lembranças do passado; isso não é, pois, senão uma interrupção momentânea, como a que ocorre na vida terrestre durante o sono e que não impede de lembrar no dia seguinte o que se fez na véspera e nos dias precedentes.
“Não é apenas depois da morte que o Espírito recobra as lembranças do passado; pode-se dizer que não as perde jamais, porque a experiência prova que, na encarnação, durante o sono do corpo, quando goza de uma certa liberdade, o Espírito tem consciência de seus atos anteriores; ele sabe porque sofre, e que sofre justamente; a lembrança não se apaga senão durante a vida exterior de relação. Mas, à falta de uma lembrança precisa, que lhe poderia ser penosa e prejudicar suas relações sociais, ele haure novas forças nesses instantes de emancipação da alma, se sabe aproveitá-las.”
Neste mesmo capítulo, encontramos, no item 12, já nas “Instruções dos Espíritos”, o início da mensagem de Lacordaire, recebida em Havre, 1863, Bem e mal sofrer: “Quando o Cristo disse: ‘Bem-aventurados os aflitos, que deles é o reino dos céus’, não se referia aqueles que sofrem em geral, porque todos aqueles que estão neste mundo sofrem, estejam sobre o trono ou sobre a palha; mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus. (....) A prece é um sustentáculo para a alma, porém, ela não basta: é preciso que esteja apoiada sobre uma fé viva na bondade de Deus.”
Linhas abaixo, o Espírito nos diz que Deus não coloca fardos em ombros fracos, e o fardo é proporcional às forças, exigindo coragem e resignação.
(*) clínico geral e psiquiatra