Os conflitos humanos crescem cada vez mais
Os conflitos humanos crescem cada vez mais.
Uns, gerados em coletividades: povo matando povo, raça dizimando raça. As imagens, tão comuns aos nossos olhos, parecem não mais nos assustar: tudo se banalizou. Bombas explodindo, estilhaços atingindo seres de forma indiscriminada, paredes caindo em meio à fumaça e à poeira, nada mais nos espanta.
Também parece que já nos acostumamos a ver, bem próximo de nós, vidas sendo ceifadas por motivos que um simples diálogo resolveria.
Na base dos conflitos sociais, certamente se escondem conflitos interiores.
O homem continua sendo um mistério para si mesmo. E no emaranhado de seu próprio desconhecimento, a preocupação exacerbada com pequenas coisas. Basta um simples gesto de ofensa do outro, muitas vezes nem tão importante, ou oriundo de problemas internos e, pront está deflagrada a raiva, o ressentimento que jamais termina, a vontade de rechaçar com todas as forças.
Pobre ser humano! Como sofre, tantas vezes, por tão pouco! Com que facilidade superestima atitudes que poderiam, mesmo, passar despercebidas ou ignoradas!
São tantos os dramas de tantos, são tantos os sofrimentos de tantos, que irritações descabidas com aquilo que não merece atenção soam como notas dissonantes numa orquestra sinfônica.
Cada um de nós precisa conseguir extrair do âmago de seu ser aquilo que o atormenta, e que nem merece tanta preocupação. É necessário que não nos sintamos centro do universo, considerando-nos vítimas por fatos sem importância, mas escarafunchados com lentes de aumento. Com isso, infeliz de quem está próximo, ouvindo queixumes e lamentações repetitivas, vendo no mundo e em todos inimigos ameaçadores.
Por tudo isso, a premência de que nosso olhar tome outras direções, percebendo, em nossos problemas, a insignificância em face dos verdadeiros e grandes problemas do outr daquele que passa fome e precisa roubar para sobreviver; do enfermo que morre sem atendimento, porque o poder público pouco se importa com sua dor; daquele que se abriga nas ruas, ou em viadutos, porque não tem morada que o abrigue do frio e do sol; daquele que amarga a solidão, sem ninguém que o escute, nas alegrias ou nos momentos tristes.
É preciso que nosso olhar se esqueça, em parte, de só olhar nossa própria figura, para poder enxergar, nos irmãos, contornos que nos acordem a alma para visão e gestos mais solidários e cristãos.
(*) Educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro [email protected]