SENTINELA

Uma mulher é assassinada a cada duas horas no Brasil

Neste instante, outras milhares estão sendo agredidas de diferentes formas (Leia mais...)

Carlos Paiva
Carlos Paiva
Publicado em 08/03/2015 às 14:43Atualizado em 16/12/2022 às 03:36
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Fot Fernanda Borges

Lorena Beatriz Nunes Oliveira, assassinada com 35 facadas no dia 2 do mês passado

Dia Internacional da Mulher

Milena Silva Cordeiro, 25 anos, assassinada com tiros de pistola em 03/01/2013; Poliana Cristina Silva Rosa, 23, morta a facadas em 1º/02/2013; Priscila Costa Pimenta, 19, assassinada com tiro de revólver em 03/02/2013; Fabiana Lonta de Oliveira, 37, espancada até a morte em 15/04/2013; Josiane Santos Ferreira, 34, morta a golpes de pedras em 15/05/2013; Natalia Dayrell Carvalho, 28, morta com tiro durante assalto no dia 1º/10/2013; Jenifer Carolina da Silva Lima, 22, morta a facadas em 11/11/2013; Ana Paula Melo Soares, 30, morta a pauladas em 25/12/2013; Rosângela Maria Matias Montes, 48, assassinada com tiro em 30/05/2014; Maria Lucia Polva, 32, morta por esganadura em 08/06/2014; Aline de Oliveira Sousa, idade ignorada, morta por asfixia em 27/06/2014; Silmara Barbosa de Paulo, 34, assassinada a golpes de faca em 23/09/2014; Tamara Pereira Lima, um ano e sete meses, espancada até a morte em 1º/11/2014; Francisca de Souza Inácio, 29, morta com golpes de faca em 17/12/2014; Oni Cançado de Andrade, 76, agredida e morta no dia 05/01/2015; Lorena Beatriz Nunes Oliveira, 24, assassinada com 35 facadas em 1º/02/2015; Izabella Marques Gianvechio e seus dois bebês (dois meses e três dias), assassinados a tiros em 12/02/2015. Hoje, Dia Internacional da Mulher, fiz questão de lembrar as mulheres que foram assassinadas em Uberaba nos últimos dois anos e três meses. Mulheres que foram esquecidas pela sociedade e lembradas apenas por parentes. Viraram números, estatísticas de uma modalidade de violência cada vez mais crescente, basta lembrar que no Brasil uma mulher é assassinada a cada duas horas e, neste instante, outras milhares estão sendo agredidas de diferentes formas, e o agressor, na maioria das vezes, é íntimo da vítima.

Protetoras

Não existe uma estatística confiável em relação às mulheres vítimas de agressão (física ou psicológica). Na maioria das vezes, a mulher que denuncia o agressor é obrigada a voltar a conviver debaixo do mesmo teto, devido à dependência financeira e principalmente pelos filhos. Não existe, como ouvi um colega dizer, que “mulher gosta de apanhar”. É uma das maiores idiotices que ouvi na minha vida. As mulheres se submetem aos mais diferentes tipos de agressão, porque, ao contrário dos homens, não desprezam suas crias, não abandonam os seus filhos.

Em silêncio

Não tenho dúvidas de que a Lei Maria da Penha tem sua eficiência. Mas, infelizmente, o poder público é omisso e não cumpre sua parte. Não temos casas especializadas em acolher mãe e filhos vítimas da agressão doméstica. Em último caso, a mãe é acolhida em uma casa e os filhos levados para casas separadas. Muitas mulheres acabam cedendo e retornando aos braços do agressor no intuito de se unir aos filhos. A coluna Sentinela trouxe a relação de mulheres que foram mortas, mas o número de vítimas que ficam lesionadas (física e mentalmente) é infinitamente superior, até porque não dão queixa e sofrem em silêncio.

No seguro

É no mínimo intrigante o relato do motorista G.A.S., 33 anos, que dirigia uma “cegonheira” carregada de veículos no feriado passado e teve tomada de assalto uma única motocicleta, que seria entregue em Uberlândia. A Kawasaki Ninja, placa OLW-3901, foi levada por dois homens armados em plena avenida Tonico dos Santos. Os autores fizeram o motorista tirar um carro para levar somente a moto. Nada mais foi levado, nem o dinheiro e celulares da vítima. Só a motocicleta, que é segurada, claro.

Procura-se Homem-Aranha

Um ladrão escalou prédio na rua Pernambuco, bairro Santa Maria, e, depois de arrombar a porta dos fundos de um apartamento, aproveitou que os moradores – um deles bombeiro militar – dormiam e furtou notebooks, máquina fotográfica, documentos pessoais e até uma bolsa com emblema do Corpo de Bombeiros e uma corda de rapel. Nem mesmo a corda vai servir para o ladrão, afinal, ele chegou ao segundo andar do prédio sem nada.

Infarto pelo WhatsApp

Marido teve um ataque cardíaco depois de receber mensagem pelo WhatsApp que dizia que sua esposa o estaria traindo. As palavras, de conteúdo impublicável, foram enviadas de um número já identificado pela enfermeira C.R.S., 39 anos, que presta serviço em uma instituição no bairro Boa Vista. O marido, que está no Hospital de Clínicas da UFTM, não suportou o que ele nem sabe se é verdade.

Liberdade para a morte

O ex-presidiário Kennedy Luiz Meirelles da Silva, 25 anos, vulgo “Kirck”, assassinado com oito tiros na madrugada de ontem, tem várias passagens por furtos. Ele já foi vítima de tentativa de homicídio em novembro de 2012. Também usuário de entorpecentes, Kennedy ficou cerca de três anos na penitenciária de Uberaba, sendo liberado no último dia 12, porém continuou furtando. A polícia acredita que sua morte foi uma queima de arquivo ou foi surpreendido fazendo o que sabia fazer: furtar.

Políticas públicas

Desejo a todos um bom domingo e que neste Dia Internacional da Mulher possamos refletir e exigir políticas de prevenção a crimes não só contra a mulher, mas também contra as crianças e idosos, a parte mais frágil da sociedade. Precisamos de políticas públicas que evitem o crime, porque depois que foi cometido não adianta tapar com “band-aid”. A marca ficou gravada na carne e no cérebro e um dia pode até desaparecer, mas vai ficar a cicatriz.

 

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