SENTINELA

Legislação arcaica e protetora

Os marginais estão cada vez mais impiedosos e organizados. Agem com muita...

Carlos Paiva
Publicado em 27/01/2013 às 10:43Atualizado em 19/12/2022 às 15:03
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O retorno

Depois de alguns anos trabalhando em rádio, TV, jornais e internet retornei ao Grupo JM de Comunicação, em março do ano passado, inicialmente apresentando o “Programa Sentinela”, na Rádio JM 730, de segunda a sexta-feira, às 6h. Em seguida, passei a fazer parte de uma das melhores equipes de jornalistas de Minas Gerais reportando notícias ligadas à Segurança Pública, no Jornal da Manhã. Agora, voltei também com a coluna “Sentinela”, que por vários anos ocupou este espaço, nesta mesma página. Obrigado a todos, e uma boa leitura.

 

Operação desastrada

Nesta semana, o fato que mais repercutiu na imprensa em Uberaba e, até no Estado, foi a desastrada operação da Polícia Militar, que culminou com um projétil de arma de fogo alojado na cabeça do policial rodoviário federal José Alano. Não tenho dúvidas de que o federal estava desarmado, porém, no lugar errado. No entanto, nada justifica a ação dos militares em chegar atirando, afinal todos são inocentes até que provem o contrário, ou não?

A mágica

Não é difícil imaginar como as cápsulas deflagradas na operação desastrada sumiram como passe de mágica. Quero lembrar que a única certeza em tudo isso é que houve disparos de arma de fogo por parte dos militares, tanto que foram presos e autuados em flagrante. Além do mais, os carros e a cabeça do federal estão aí para provar. E cadê as cápsulas que nem à luz do dia foram localizadas? Isso é mais grave que disparar tiros a esmo e em local ermo. Isso é ocultação de provas.

Sob pressão

Por outro lado, há tempos venho afirmando que os policiais militares vêm trabalhando sob stress. Os marginais estão cada vez mais impiedosos e organizados. Agem com muita violência e emprego de arma de fogo, e tudo sob manto da impunidade gerada pela legislação arcaica e protetora. Já para os policiais, a situação é o contrário. Como podem nos dar segurança se nem eles têm segurança para exercer suas funções. Por isso o stress.

O exemplo

No dia em que balearam o policial rodoviário federal, os PMs estavam procurando por bandidos armados e que agiram de forma covarde com as vítimas em assalto em que levaram, dentre outras coisas, uma BMW da mesma cor que o Audi do federal. Aliás, os carros se parecem muito.  Não podemos esquecer que PMs estavam também à procura dos cinco homens, bem armados, que pararam, à bala, um ônibus da empresa Motta na BR-262, balearam gratuitamente passageiro boliviano e queriam cortar o dedo de um passageiro para tirar a aliança. Agora, imagine, só por alguns instantes, o que fariam se deparassem com policiais militares. De qualquer forma nada justifica a operação desastrada.

Exemplo

E por falar em legislação arcaica e protetora, na sexta-feira a Polícia Militar, depois de muito trabalho, conseguiu prender os marginais envolvidos no roubo da BMW, no Manoel Mendes. O carro foi recuperado e o revólver utilizado apreendido. Os presos confessaram com a maior facilidade que participaram do assalto. Confessaram, e mesmo assim foram liberados. E por que foram liberados?

Intocáveis

Conforme legislação, pelo roubo não poderiam mais ser autuados em flagrante. E se confessassem que estavam tentando vender a BMW, o delegado de Polícia Civil poderia autuá-los por receptação, crime considerado permanente, ou seja, podem ser presos e autuados em flagrante enquanto estiverem em poder do produto roubado. Isso é impunidade. E a impunidade é combustível que abastece a criminalidade. Agora os assaltantes estão soltos e mais fortes. Agora se sentem intocáveis. Isso é stress aos policiais, vítimas e população de bem. 

Alô, prefeito

O caos na Saúde Pública chega a patamares inacreditáveis. Na madrugada de ontem o Corpo de Bombeiros atendeu duas ocorrências onde as vítimas foram conduzidas até a UPA São Benedito. Nos dois casos, os bombeiros militares deixaram as vítimas e a maca. Na UPA não tinha maca para os pacientes. E quando isso acontece, a viatura do resgate fica parada.

Celular nas fraudas

Você já ouviu falar no “secola”? Vou dar um exempl ontem uma mulher foi visitar o marido preso na penitenciária e escondeu um celular no meio das fraudas descartáveis. No primeiro portão a mulher não disse nada, mas aparelho foi localizado. A visitante deu como desculpa que não disse nada por acreditar que passaria pelo segundo portão e entregaria o celular. Isso é o “secola”. Se colar, colou. Ela tentou passar o celular e desta vez não deu certo, mas quantos celulares podem ter entrado na penitenciária desta forma?

Disk-penitenciária

Um advogado disse à coluna que não aguenta mais seu cliente ficar ligando para ele. Recebe ligações durante todo o dia e, algumas vezes, à noite e até de madrugada. Quando o profissional do Direito não atende, o cliente deixa recado e pede para retornar a ligação, mesmo que seja a cobrar. Você deve estar se perguntad e daí? Ocorre que o cliente cumpre pena na penitenciária de Uberaba por roubo e tráfico de drogas. E o advogado garante: “Alguns presos usam o celular para prática de diversos crimes. Os telefones fazem e recebem ligação constantemente. Quando atendo meu cliente, ouço outros presos falando ao celular”. Perguntado como esses celulares entram na penitenciária, o advogado deu uma risadinha e saiu andando. Não entendi. Você entendeu?

O rato e o queijo

A coluna vem tentando apurar informações, de uma fonte, dando conta de que o Estado firmou contrato com uma empresa para prestar serviços em Uberaba e está subordinada ao Detran. A empresa, que supostamente está em nome de “laranja”, pertenceria a um policial, suspeito de envolvimento em práticas criminosas. Seria o mesmo que dizer que puseram um enorme rato para vigiar o queijo. A empresa poderia vir, inclusive, a ocultar produtos de crimes que o policial é suspeito de envolvimento. Não está difícil para a Polícia Civil investigar e apurar as possíveis irregularidades. A empresa está em nome de “laranja”, mas quem toma conta é irmão do policial.

Apurando

O delegado chefe do 5º Departamento de Polícia Civil, Ramon Tadeu Bucci, disse à coluna que não o tem conhecimento de tal empresa ser de propriedade de policial e explica: “Na documentação encaminhada ao Detran não faz menção a nenhum policial. Diante de tais informações estaremos realizando investigações no sentido de apurar se algum servidor tem participação societária na empresa”.

Um bom domingo e lembre-se: “Dê o primeiro passo com fé. Você não precisa ver toda a escada, apenas suba o primeiro degrau”. Martin Luther King

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