REGINALDO LEITE

GP da Bélgica - Um marco fatídico para a Mercedes

Reginaldo Baleia Leite
Reginaldo Baleia Leite
Publicado em 02/09/2022 às 12:23Atualizado em 18/12/2022 às 14:21
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Ao contrário de 2021, o grande público, desta feita, viu uma corrida, e que corrida. A equipe taurina (Verstappen) demostrou um desempenho muito acima da concorrência desde o primeiro treino. Na classificação não foi muito diferente. A diferença foi Perez conseguindo fazer tempos próximos do companheiro de equipe na fase classificatória.

Uberaba - Nos três dias do evento, compareceram 360 mil pessoas no autódromo. Imagine a população de Uberaba inteira num evento. É logico que não foram todos ao mesmo tempo. Esses números foram escalonados de sexta a domingo. Com maior ênfase no domingo. E pensar que a Liberty Media e os organizadores locais não estavam chegando a um acordo para o futuro. O calendário da F1 sem SPA se torna manco, ou melhor, falho.

Tiro errado - De nada adiantou as manobras escusas de Toto Wolf nos bastidores junto à FIA. Como diz o velho dito popular, foi mais um tiro no pé. Já que, com as novas diretivas impostas pela FIA, o carro da Red Bull se tornou um foguete e os carros germânicos continuam muito atrás na classificação. A distância da Red Bull para a Ferrari também aumentou. Porém, os vermelhos ainda conseguem uma boa vantagem em relação aos carros prateados. Enfim de nada adiantou mudar as regras no meio do campeonato.

E, pelo o que se sabe, a Mercedes vai continuar no desenvolvimento desse conceito zero sidepods, para alegria da concorrência. O teto de orçamento é a pá de cal no momento. Esperanças de vitórias em condições normais só em 2023. Para o ano que vem devem sair fora desse conceito. A melhor Mercedes findou a classificação com um déficit de 1.8 segundos para o pole.

Festival - O resultado final da classificação foi alterado, devido às punições por troca de elementos da unidade de potência de vários pilotos, Verstappen, Leclerc, Bottas, Norris, Ocon, Zhou e Schumacher. Esse grande número é consequência de SPA ser um circuito que proporciona bons pontos de ultrapassagens.

Grid original - Max, 1.43:665 - Sainz Jr. + 0,632- Perez + 0,767- Leclerc + 0,888 – Ocon + 1.515 - Alonso + 1.703 - Lewis + 1.839 – Russell +2.111 – Albon + 2.172 e Norris + 2.513.Voces não leram errado. Albon no Q3 e à frente de uma Mc Laren. Grid após punições: Sainz Jr. Perez, Alonso, Lewis, Russell, Albon, Ricciardo, Gasly, Stroll e Vettel. Max largou na P14, Leclerc P15. Tsunoda largou dos boxes, e Gasly também, já que seu carro falhou na volta de formação. Sendo assim, todos que largaram após a P8 ganharam uma posição.

Dupla perfeita - Max e sua RB 18 mostraram seu melhor nesta etapa, um sincronismo pouco visto entre homem e máquina, que culminou numa vitória arrasadora. Foi dominante sem se esforçar e sem erros, como na Hungria, onde rodou e mesmo assim venceu. Lembrando que, mesmo largando de 14º/13º, já na volta 12 assumiu a ponta. O Safety Car até ajudou, mas muito pouco, uma vez que o este foi acionado na 2ª volta. Essa foi uma atuação de gala do piloto e seu carro. Já Perez, com uma viatura teoricamente igual, mesmo largando na P2, findou na mesma posição há 17,841s de desvantagem.

Ultrapassagem rara - Mick Schumacher largou lá do fundão e chegou na penúltima posição, apenas à frente de Latifi, o 18º colocado. No entanto, foi do alemãozinho a ultrapassagem de maior audácia dos últimos tempos, em plena Eau Rouge. Há anos não se via isso na F1, nem nas categorias inferiores. Inexplicavelmente, a mídia especializada não comentou nada. E, para piorar, o amor que a Ferrari nutria por ele aparentemente acabou.

Tripas - Esteban Ocon estava num ótimo dia, se classificou bem – 5º, à frente das duas Mercedes, e com a punição largou atrás de Leclerc, findando na P7. Realizou ótimas ultrapassagens e, a de maior repercussão, foi na retona em aclive após o complexo Eau Rouge/ Raidillon, onde superou Vettel e Gasly numa tacada só. Também na região da finada bus stop, superou outros dois na disputa de freada, e ainda por fora, que é mais complicado. Uma bela atuação.

Por outro lado, Ocon declarou que adoraria ver Schumacher ao seu lado ano que vem, uma vez que isso vem sendo noticiado à boca pequena, em detrimento de Gasly e Ricciardo, que são cotados para a vaga. Declaração fácil de entender, quer moleza. Por falar em Gasly, ele largou dos boxes, também merece elogios ao findar nos pontos, (P9). Albon arrancou a P10 com muito sufoco. Atrás dele, no final, havia uma fila de carros melhores.

Treta – A treta do dia foi a declaração de Alonso após a manobra infeliz de Lewis, ainda na primeira volta, que culminou no abandono do piloto inglês. Lewis tinha uma chance de ouro, pois havia largado da segunda fila. Porém, ignorou um velho desafeto. Alonso é osso duro e joga pesado em qualquer posição. Mesmo quando está errado vai ao rádio e se diz vítima, o que não ocorreu desta vez. Lewis não deu espaço e assumiu o erro posteriormente.

Anos atrás, vimos algo semelhante entre Lewis e Rosberg em SPA, quase que no mesmo ponto, foi metros a frente. Mas, a cereja do bolo, foi a conversa de Alonso no rádio com seu engenheiro. Chamar um piloto de idiota acho muito forte. Entretanto, devemos considerar o passado que envolve os dois e que foram declarações no calor da disputa, que sempre geram comentários dos quais posteriormente a pessoa se arrepende. Por isso muitos pilotos não dão entrevista após um acidente. Muitos nem tiram o capacete, já evitando qualquer pergunta.

Incorrigível - A Ferrari continua seu legado de se complicar e assim facilitar a vida da concorrência. Nesta etapa, a primeira mancada foi ao término da classificação, quando mandaram Leclerc para pista com compostos errados. Ao ouvir o rádio do piloto com a equipe dá ate dó. Na corrida não parrou por aí, realizaram uma primeira troca muito cedo, colocando o piloto no final do grid num trenzinho de DRS, enquanto Max avançava.

E, para fechar com chave de ouro, ao final, Leclerc já era quinto, à frente de Alonso, na penúltima volta o monegasco foi escalado para fazer uma troca de pneus. Colocando macios novos e assim tirar o ponto da melhor volta de Max, e ainda garantiram que ele sairia com vantagem sobre Alonso. Nada disso aconteceu e o piloto ainda sofreu uma penalização por ultrapassar a velocidade na saída dos boxes. Essa penalização só acontece o quando o limitador falha. Neste caso, foi só mais uma no meio de várias do carro e da turma que faz o planejamento.

Será que... - As estratégias adotadas pela equipe italiana há muito são alvo de piadas da concorrência. Mas, se notarmos bem, na grande maioria das cacas aprontadas pela genial equipe de estratégias, a vítima é quase sempre Leclerc. Será por quê? Aí você observa que: O chefe de estratégia da equipe italiana é um espanhol, Inaki Rueda. O patrocinador máster da equipe, um banco, também é espanhol. Será que... é para pensar. Por falar em hispânicos, Sainz Jr. largou da pole e completou em terceiro. Aí tem que considerar o fato de que, nesta etapa, não havia muito oque fazer contra os carros taurinos que estavam sobrando. Mesmo com uma ajuda velada da equipe, Sainz Jr ainda não conseguiu superar o companheiro de equipe.

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