Em depósito da Delegacia Regional de Polícia existem cerca de duas mil bicicletas apreendidas e nunca procuradas pelos proprietários. Nesta quinta-feira, o delegado Francisco Gouvêa formalizará a doação de mais de cem delas à Adefu, destinadas à recuperação de cadeiras de rodas para deficientes físicos. Doação está sendo intermediada pelo Juizado Especial/Ministério Público/Cefipa. Subindo no arreio. Diante da afirmação de colega de que vereadores estavam ali (na Câmara) para ganhar dinheiro e votariam contra a cassação de Jorge Ferreira, Marcelo Borjão “explodiu” mais uma vez. “Não tenho rabo preso e não estou aqui para ganhar dinheiro” – reagiu da tribuna o peemedebista. Admitindo que até 4ª feira seu voto era contra Jorge, Borjão esclareceu que passara o fim de semana ouvindo sua assessoria jurídica, concluindo como tendencioso e recheado de falhas o relatório assinado por Luiz Dutra e José Severino. Outra apuração. Ontem mesmo, encerrada a sessão que absolveu Jorge, Borjão disse ao presidente Lourival dos Santos que ele e outros colegas “exigem” uma nova investigação na Casa. Querem saber o nível de envolvimento de servidores de confiança no movimento que objetivava a cassação do vereador do PMN. “Está mais do que claro que servidores estiveram a serviço de um dos lados, ignorando a isenção que deveria pautar suas atitudes” – denunciou. Segundo Borjão, até informação correta (número de votantes necessários para a cassação) foi sonegada aos vereadores. Lições para um e outro. Presidente da Comissão Processante, Luiz Dutra se diz absolutamente tranquilo, apesar da derrota de seu posicionamento. “Quanto às pauladas que estou recebendo [de colegas], eu as encaro como importantes para o meu crescimento pessoal. Ficaria muito fácil [crescer] se não fosse assim” – ressaltou. Dutra se confessa, porém, “com dó de Jorge, “pois não sei se ele saberá tirar lições do episódio; nem sei como se portará diante daqueles que ‘querem receber o seu’ e dos compromissos assumidos com outros vereadores”. Sem ajuda. Luiz Dutra assegurou também que não deu qualquer ajuda na elaboração do relatório final da Comissão Processante. “O Zé Severino [o relator] é sério demais e, por isso, eu não quis me intrometer, deixei-o à vontade” [para produzir o documento que endossou] – detalhou. O vereador do PDT nega também ter estimulado depoimento em cartório de acusação contra Jorge. “Fui ao cartório onde isso ocorria simplesmente para me encontrar com o procurador da Câmara, Rafael Miziara, que lá estava e por assunto de meu interesse pessoal” – explicou. Lado de fora. Promotor José Carlos Fernandes não quis comentar a decisão da Câmara Municipal, absolvendo o vereador Jorge Ferreira das acusações de assédio sexual e improbidade administrativa. “Trata-se de julgamento político, de competência constitucional do Legislativo, e não cabe a mim qualquer intromissão” – frisou o autor de ação civil pública contra Jorge pelos mesmos motivos. Antitabagismo. A efetiva aplicação de lei municipal aprovada em 2003 está sendo cobrada pelo vereador João Gilberto Ripposati. Ela proíbe o tabagismo em locais públicos, incluídos shoppings, hospitais, postos de saúde, salas de aula, bibliotecas, restaurantes e até mesmo em ambiente de trabalho coletivo. Falta regulamentação para que a legislação entre em vigor. Tráfico unido. Alguns dos maiores traficantes de drogas de Uberaba estão examinando a possibilidade de união das diferentes facções, de forma a se fortalecer, evitando agressões e homicídios entre os seus integrantes. Os crimes contra a vida atraem polícia e é ruim para os negócios, que são altamente rentáveis. Combate. Profissionais de segurança pública, com experiência de rua, defendem alterações na lei antidrogas voltada para os dependentes químicos. Sem restrições severas ao consumo de drogas fica mais difícil combater o tráfico – argumentam, lembrando que, no modelo atual, o dependente não pode ser preso. “Sua punição pelo uso de drogas é simplesmente uma advertência, quando deveria, no mínimo, ser encaminhado a uma clínica de recuperação ou comunidade terapêutica.” Demorou. A afirmação de Marcelo Borjão é grave: “A Procuradoria da Câmara chegou à conclusão de que seriam necessários oito votos para a cassação do Jorge, no dia 5 de junho, mas isso só chegou ao nosso conhecimento [da maioria dos vereadores] no dia 10. Chegaram a mentir para mim”. Por isso, os gritos que ele dirigiu ao procurador Rafael Miziara, ao telefone, na semana passada. Amadorismo. Ficou explícito que a Câmara não se preparou adequadamente para a sessão de julgamento dos dois últimos dias. Muitas dúvidas sobre questões técnico-jurídicas tiveram de ser esclarecidas na hora na medida em que a desinformação aflorava. A maioria dos vereadores estava perdida, sem saber como se comportar em determinadas situações. Assédio. Ontem, ex-presidente do Sindicato dos Servidores Municipais distribuiu e-mails afirmando que o assédio sexual é uma realidade no serviço público. “A coisa é muito mais preocupante do que se propala por aí” – afirmou Mariano Leite, acrescentando que, “nos meus oito anos de presidência no sindicato, mais horrorizado fiquei de ver o tamanho do assanhamento de barrigudos e velhos homens malcasados em assediar moral e sexualmente moças/senhoras e senhoritas”. Cultural. Mariano acrescentou que desviar parte dos salários de assessores é prática antiga, “mas, no passado, usava-se o dinheiro para pagar os outros assessores”. Por fim, ainda sobre o assédio sexual, o ex-sindicalista desafia: “Que atire a primeira pedra quem se sentir ofendido; aí, darei nomes aos bois”. De acordo. Também o advogado Túlio Reis defende o posicionamento de Borjão quanto à investigação do envolvimento direto de servidores na ação pela cassação de Jorge Ferreira. Entende ele que isso é tão visível que merece mesmo ser apurado. “Não há nada tão equitativamente distribuído no mundo como a inteligência: todos estão convencidos de que têm o suficiente.” (René Descartes)