CONEXÃO URBANA

Uberaba reza por Francisco: o mundo espera por um novo Papa

François Ramos e Leilane Vieto
François Ramos & Leilane Vieto
Publicado em 22/04/2025 às 12:29Atualizado em 22/04/2025 às 12:30
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Luto oficial
A Prefeitura de Uberaba publicará nesta terça-feira (22), no Diário Oficial do Município, decreto de luto oficial de sete dias pelo falecimento do Papa Francisco, ocorrido na segunda-feira (21), aos 88 anos, no Vaticano. Em publicação nas redes sociais, a prefeita Elisa Araújo destacou o líder como “símbolo de fé, coragem e compaixão”, ressaltando seu legado de humildade e amor. O gesto reforça a conexão da cidade com valores humanitários, em alinhamento ao impacto global de seu pontificado.

Eu também
O vice-prefeito Mauricinho de Sá uniu-se ao luto, enfatizando o compromisso do pontífice com os mais necessitados: “Seu legado permanecerá vivo em nossos corações”. Jorge Mario Bergoglio, argentino, marcou história como primeiro papa das Américas e do Hemisfério Sul, rompendo tradições geográficas da Igreja. A homenagem em Uberaba reflete não apenas o respeito religioso, mas o reconhecimento de sua trajetória pioneira e transformadora, que transcendeu fronteiras.

Igreja
Em nota oficial, Dom Paulo Mendes Peixoto, Arcebispo Metropolitano de Uberaba, expressou a dor da comunidade local: “Perdemos uma grande liderança da nossa Igreja. Agradecemos por tudo que o Papa Francisco deixou de legado: uma Igreja mais comprometida com o Evangelho e com os mais sofridos. Sua simplicidade, sua coragem de falar pelos excluídos e sua visão de uma ‘Igreja em saída’ marcaram gerações. Rezemos para que seu sucessor tenha a mesma sensibilidade de uma Igreja Povo de Deus, que caminha com os pequenos”.

(Foto/Acervo da Arquidiocese de Uberaba)

 Canonização suspensa
A I Corrida Carlo Acutis, em Uberaba, mantém a data programada e homenageia também o legado do Papa Francisco. Apesar de a morte do Sumo Pontífice ter provocado o adiamento da canonização de Carlo Acutis, prevista para 27 de abril, a I Corrida e Caminhada em homenagem ao jovem beato seguirá conforme definido, com largada às 7h30, em frente à Cúria Metropolitana. Padre Otávio Spinelli, organizador do evento, reforçou que a prova esportiva, integrada ao Jubileu dos Esportes, será também um momento de gratidão pelo pontificado de Francisco e de oração por seu “descanso eterno”.

Esperança
Com percursos de 3 km e 5 km, a iniciativa alia espiritualidade e saúde, celebrando valores como disciplina e dedicação, a Corrida Carlo Acutis não apenas honra o jovem italiano, conhecido por integrar fé e tecnologia, mas também ressoa o tema do Jubileu 2025: “Peregrinos da Esperança”. O Padre Otávio destaca que o evento simboliza a busca por equilíbrio entre corpo e espírito, refletindo a proposta de renovação interior do Ano Santo.

Missa para Francisco
A Arquidiocese de Uberaba reuniu centenas de fiéis nesta sexta-feira (21), no Santuário Basílica de Nossa Senhora da Abadia, para uma missa solene em sufrágio do Papa Francisco. Com velas, incenso e preces, a cerimônia, presidida pelo Vigário-Geral Padre Saulo Emílio, destacou a gratidão pelo legado do pontífice. Em clima de comoção, os presentes uniram-se em oração, lembrando a devoção do Papa à Virgem Maria e seu compromisso com a fé e a caridade. A celebração reforçou os laços espirituais entre a comunidade local e o líder católico, cujo ministério transcendeu fronteiras.

Devoção mariana
Durante a missa, Padre Saulo Emílio emocionou os fiéis ao ressaltar a relação do Papa Francisco com Nossa Senhora: “Ele nos ensinou a ver Maria como refúgio e exemplo”. O ritual, marcado por cantos e silêncio reverente, simbolizou a união entre a trajetória do pontífice e a espiritualidade local. Ao final, os participantes deixaram a basílica envoltos em esperança, fortalecidos pela crença de que “a oração une corações”. A homenagem em Uberaba ecoou não apenas o luto, mas a celebração de um pontificado dedicado ao amor, à humildade e à proximidade com os fiéis.

(Foto/François Ramos)

 A despedida
O Vaticano deu início ainda na segunda-feira (21) aos procedimentos fúnebres do Papa Francisco, que seguirão o Ordo Exsequiarum Romani Pontificis, manual litúrgico que foi revisado e simplificado pelo próprio pontífice, em novembro de 2024. O rito, que inclui nove dias de velório e cerimônias públicas, refletirá a simplicidade que marcou seu papado, com adaptações modernas às tradições seculares. Enquanto o corpo será velado na Basílica de São Pedro, fiéis ao redor do mundo, incluindo comunidades como Uberaba, unem-se em oração.

Simples
O padre Vitor Lacerda, da Paróquia Senhor Bom Jesus, que também é historiador, explica que a exposição do corpo do papa em caixão nivelado ao chão, sem a tradicional elevação usada em João Paulo II e Bento XVI, simboliza a ruptura com protocolos hierárquicos, ecoando a visão de Francisco sobre uma Igreja “para os pobres”. A decisão, registrada no manual litúrgico atualizado por ele em 2024, destaca seu esforço para modernizar tradições sem perder a essência espiritual.

Sepultamento
Ainda de acordo com o Padre Vitor, pela primeira vez em mais de um século, um papa não será sepultado na Basílica de São Pedro: Francisco optou por repousar na Basílica de Santa Maria Maggiore, local de suas orações frequentes como bispo. A decisão, prevista no Ordo Exsequiarum revisado em 2024, reflete uma vontade pessoal e reforça sua ligação íntima com o templo mariano. Antes dele, Leão XIII (1903) escolheu São João de Latrão.

(Foto/Reprodução)

 E agora?
Com a morte de Francisco, a Igreja entra no período de Sede Vacante, no qual o cardeal camerlengo, Kevin Joseph Farrell, que é irlandês-americano, assume temporariamente a administração do Vaticano. Além de ser o responsável em atestar a morte do papa, ele é quem deve organizar o funeral e convocar o conclave para a eleição do novo pontífice: “também deve garantir a continuidade das atividades até o conclave, precisa organizar processos burocráticos e litúrgicos da transição”. As funções do camerlengo estão explicadas no documento conhecido como Universi Dominici Gregis.

Reforço
De sertãozinho, no interior de São Paulo, Dom Ilson de Jesus Montanari, aparece como segundo na hierarquia dos camerlengos no Vaticano. Ordenado padre em sua cidade natal em 18 de agosto de 1989, ele assumiu funções de crescente responsabilidade na Igreja até chegar à Cúria Romana. Sua ordenação como Bispo aconteceu em Ordenação episcopal 7 de novembro de 2013. Em 28 de janeiro de 2014, foi nomeado pelo Papa Francisco como Secretário do Colégio Cardinalício. Em 1º de maio de 2020, o Sumo Pontífice o nomeou vice-camerlengo da Santa Igreja Romana. A atuação de Dom Ilson nos próximos dias será importante na condução dos preparativos para o funeral do Papa Francisco e na coordenação dos trabalhos que antecedem o Conclave, que reunirá os cardeais para eleger o próximo líder da Igreja Católica.

O conclave
A escolha do sucessor de Francisco ocorrerá no conclave, reunindo até 120 cardeais com menos de 80 anos na Capela Sistina, isolados do mundo exterior. O processo exige que o eleito receba ao menos dois terços dos votos, sem autoindicação. Três cardeais são responsáveis por contar os votos, e outros três revisam o ritual. No primeiro dia, as cédulas em papel definem os candidatos; se não houver consenso, até seis votações são realizadas. A fumaça preta ou branca na chaminé indicará o impasse ou a decisão, respectivamente.

Demora?
Caso as seis primeiras votações não definam o novo papa, os cardeais podem fazer até quatro pausas, com sete votações cada, totalizando 34 rodadas. Se persistir o impasse, os dois mais votados enfrentam um “duelo final”. O ritual, que inclui queima das cédulas (gerando a fumaça simbólica), reforça a solenidade de uma decisão que moldará o futuro da Igreja. Enquanto o mundo aguarda o branco da chaminé, o conclave mantém viva a herança de Francisco, equilibrando tradição e urgência por renovação na Igreja.

Papa tupiniquim?
Dos oito cardeais brasileiros, apenas Raymundo Damasceno (87 anos), arcebispo emérito de Aparecida, está excluído do conclave por idade. Os demais – incluindo Jaime Spengler (CNBB), Odilo Scherer (SP) e Sérgio da Rocha (BA) –, embora elegíveis, não figuram entre os favoritos para suceder Francisco. A lista reflete a pluralidade regional da Igreja no Brasil, mas a ausência de nomes cotados globalmente sinaliza que a eleição deve priorizar cardeais de outras regiões (Europa, África ou Ásia). Segundo Dom Odilo Scherer (foto) a "preocupação na escolha do papa, com toda a certeza, não é se ele é progressista ou conservador", sendo esta uma inquietação externa.

(Foto/Reprodução)

 Favoritismo
Francisco foi o primeiro papa latino-americano e partiu deixando um legado de avanço nas reformas da Igreja, a probabilidade de um sucessor do continente é considerada baixa. O College of Cardinals Report aponta apenas um sul-americano (o uruguaio Daniel Sturla) entre os 22 nomes mais cotados, diante da predominância europeia (54%) e asiática (18%). A eleição tende a refletir as dinâmicas geopolíticas internas da Igreja, com foco em agendas como justiça social ou diálogo intercontinental.

Frase
“O dinheiro deve servir, não governar”
(Papa Francisco)

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