Encontro com viés
Nos dias 6 e 7 de junho, o PL Mulher promoveu, em Brasília, o 1º Encontro Nacional de Mandatárias do Partido Liberal — evento que reuniu prefeitas, vereadoras e deputadas da legenda em meio à crescente mobilização da sigla entre o eleitorado feminino. Liderado por Michelle Bolsonaro, o encontro foi marcado por discursos que reforçaram valores conservadores e críticas a pautas progressistas. A vereadora Ellen Miziara, vice-presidente do PL Mulher em Minas, destacou a importância da capacitação técnica, mas o evento deu pouco espaço para a reflexão crítica sobre os desafios reais enfrentados por mulheres na política, especialmente fora do eixo conservador. Porém, a estratégia parece estar dando certo, afinal a legenda ainda comemora o salto de 930% no número de filiadas em 2024.
Conservadorismo como plataforma
O lançamento do livro Edificando a Nação, organizado por Michelle Bolsonaro — com textos de parlamentares, líderes religiosos e prefácio de Valdemar Costa Neto — foi um dos pontos altos do evento. A obra, definida como o primeiro volume de uma trilogia sobre os “fundamentos do conservadorismo”, evidencia a tentativa do PL de transformar princípios ideológicos em plataforma de engajamento.
Fora comunismo!
Durante o 1º Encontro Nacional de Mandatárias do Partido Liberal predominou uma retórica de combate às “ideologias de esquerda”, o que revela compromisso com os valores conservadores. Programas como o Alicerça Brasil, foram anunciados como ferramentas de mobilização feminina em defesa da “família tradicional”, e reforçaram uma concepção da atuação política das mulheres concentrada em papéis prescritos por doutrinas morais e religiosas, mantendo distância da pluralidade de identidades femininas presentes na contemporaneidade.
Ambições e dependência
Acompanhada da filha, Ana Tereza, que cativou o coração e os sorrisos de Michelle Bolsonaro, a pré-candidata às eleições de 2026, Ellen Miziara, aproveitou o Encontro de Mandatárias para tentar consolidar seu nome no cenário estadual por meio da articulação com lideranças como Nikolas Ferreira, figura central no PL mineiro. Críticos locais apontam que o peso do aval masculino sobre a ascensão de uma mulher que foi a mais votada da cidade de Uberaba nas proporcionais de 2024, pode evidenciar um paradoxo: o protagonismo feminino ainda depende da chancela de figuras masculinas no topo da estrutura partidária. A força de Nikolas Ferreira, líder da legenda em Minas Gerais, porém, é justificada com o fato de ele ser recordista de votos no país graças ao desempenho nas urnas em 2022 — quando obteve 1,49 milhão de votos, superando o resultado histórico de Patrus Ananias (PT) por Minas Gerais, que, em 2002, obteve 520 mil votos.
(Foto/Divulgação/PL-Mulher)
Silêncio branco
A manhã de domingo em Uberaba foi marcada pelo silêncio dolorido de mais de mil pessoas que caminharam vestidas de branco, em homenagem à jovem Melissa Campos, assassinada dentro da sala de aula. Balões e orações substituíram os gritos de justiça que ainda ecoam pela cidade. A morte de Melissa é um símbolo cruel da falência coletiva na proteção da infância. Ela tinha apenas 14 anos. Seus sonhos foram interrompidos por um crime bárbaro ocorrido onde ela deveria estar segura: a escola.
(Foto/Reprodução/Redes Sociais)
A dor de uma cidade inteira
A passeata organizada pela Igreja Presbiteriana foi um gesto de fé, mas também de denúncia silenciosa. Até quando adolescentes precisarão morrer para que o Brasil leve a sério o debate sobre violência juvenil e saúde mental? A caminhada que percorreu as principais vias de Uberaba não foi apenas em homenagem a Melissa. Foi também um grito contido de uma sociedade perplexa com o avanço da violência entre jovens. Onde estão as políticas públicas de prevenção? Onde está o diálogo necessário entre famílias, escolas e Estado?
Inveja, silêncio e omissão
A motivação do crime — inveja da felicidade alheia — expõe feridas profundas: isolamento, ausência de empatia, despreparo institucional. A passeata por Melissa mostrou que Uberaba não esquece. Mas não basta lembrar. É preciso transformar dor em ação, reflexão em política, luto em legado. A omissão diante de sinais de sofrimento juvenil cobra um preço alto demais.
Bebê Reborn
A Unipac Uberaba promove nesta segunda-feira, dia 9 de junho, às 20h, um encontro multidisciplinar sobre as intersecções entre Direito e Psicanálise no universo dos bebês reborn. Com mediação da diretora da IES, a penalista Roberta Toledo, o debate abordará temas como guarda, licença-maternidade, aspectos criminais e as subjetividades envolvidas nesta realidade contemporânea. O evento, aberto ao público, será na Av. Leopoldino de Oliveira, 4245. Inscrições e informações: (34) 3326-5600. Uma oportunidade para reflexão técnica e sensível sobre esse fenômeno social.
Pentecostes
A Renovação Carismática Católica (RCC) reuniu centenas de fiéis no domingo (8/6) na Funel para o Encontro de Pentecostes. Com destaque para a presença jovem, o evento teve momentos de oração, louvor e adoração. A missa solene foi presidida pelo Monsenhor Célio Pereira Lima, que enfatizou o poder renovador do Espírito Santo. O encontro, realizado também em outras cidades da Arquidiocese, reforçou o chamado à evangelização. Inspirado no Papa Francisco, o evento marcou o compromisso com uma fé atuante e renovada. Pentecostes reafirmou-se como momento central para a espiritualidade católica na região.
(Fotos/François Ramos)
Quando o crime afeta quem mais precisa
Danos decorrentes de uma tentativa de furto de cabos de energia, registrada na madrugada de domingo (8), forçou o fechamento antecipado da Unidade Regional de Saúde (URS) Boa Vista/CeDengue, prejudicando diretamente a população que depende da saúde pública. Esse tipo de crime, cada vez mais recorrente, é reflexo direto de um sistema penal falho, onde a reincidência encontra terreno fértil na impunidade cotidiana. A conta, mais uma vez, sobrou para o contribuinte.
Reincidência é sinal de impunidade
Na semana passada, um homem com 38 passagens criminais foi preso duas vezes pela Polícia Militar. Como este cidadão ainda estava nas ruas impondo risco para a população? Esta foi uma pergunta recorrente entre os moradores de Uberaba no último final de semana, que vale dizer enfrentam prejuízos por crimes cada vez mais ousados e banais, como o furto de cabos elétricos. A morosidade do Judiciário age como cúmplice silenciosa. A Justiça que tarda em responder, solta rápido e pune pouco, é uma arma apontada contra a sociedade que a sustenta.
Seis anos por uma vida
A indignação popular com os magistrados é justificada, pois além da morosidade característica eles têm se mostrado complacentes na hora de condenar os criminosos. Em Patos de Minas, um homem que matou um policial penal com um tiro no pescoço foi condenado a apenas 6 anos e 11 meses, em regime semiaberto, podendo recorrer em liberdade. O motivo do crime? Um apelido que o réu não gostava. A Justiça entendeu que ele agiu sob "violenta emoção". Quando a morte de um servidor público é relativizada a esse ponto, resta perguntar: quanto vale a vida para o Judiciário mineiro?
Adeus
Com profundo pesar, registramos o falecimento de Acrísio Cassimiro de Freitas Junior, servidor exemplar da CODAU por décadas e muito querido pelos colegas. Seu sepultamento foi realizado ontem, deixando um vazio entre amigos e familiares. Que Deus o receba em luz e paz, e que conforte o coração de todos que hoje choram sua partida. Sua memória permanecerá viva entre aqueles que tiveram o privilégio de conviver com ele.
(Foto/Reprodução/Facebook)
Bala contra a democracia
O brutal atentado contra Miguel Uribe Turbay, senador de oposição e pré-candidato à Presidência da Colômbia, é mais que um ataque pessoal: é um golpe direto contra a democracia. No fim da tarde de sábado (7/6), o político de 39 anos foi baleado duas vezes na cabeça, quase à queima-roupa, enquanto participava de um comício na região oeste da capital colombiana. O uso de um adolescente como executor escancara o cinismo dos mandantes do crime e revela que a infiltração de métodos criminosos no jogo político continua a acontecer na América do Sul. Quando o debate cede lugar à violência, a barbárie assume o comando.
Impunidade: a verdadeira arma do crime político
O caso Uribe expõe um dilema latino-americano: a escalada da violência política alimentada pela impunidade. Quem envia um menor para matar um senador sabe que, mesmo identificado, o autor terá pena branda — se tiver. A morosidade institucional e a leniência com criminosos, a exemplo da realidade que se verifica no Brasil, só fortalecem aqueles que desejam tomar o poder à força e suprimir a democracia.
Frase
" A democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo." (Abraham Lincoln)