Contra a violência
A Igreja Presbiteriana Central de Uberaba promove neste domingo (8) uma passeata pacífica em memória de Melissa Campos, adolescente assassinada — sem qualquer motivação — há um mês, dentro de sala de aula. A iniciativa parte da escola onde o crime ocorreu e busca não apenas celebrar a vida da jovem, mas também reafirmar valores como amor, empatia e solidariedade. Vestidos de branco, os participantes percorrerão as ruas da cidade, encerrando o ato com um culto memorial. Com apoio da Prefeitura, a mobilização mostra como a fé pode ser um catalisador para unir a comunidade em torno de causas sensíveis, transformando o luto em reflexão coletiva.
Por justiça e prevenção
Enquanto homenageia Melissa Campos, a passeata lança luz sobre questões urgentes: a escalada da violência entre jovens e a ausência de políticas eficazes de saúde mental no ambiente escolar. Os adolescentes acusados pelo assassinato seguem sob medida socioeducativa, mas a limitação legal — de até três anos — levanta um debate doloroso: tragédias desse porte podem ser devidamente reparadas? A mobilização da igreja, portanto, vai além de um rito religioso. É um apelo à sociedade e ao poder público para que a prevenção se torne prioridade. Um mês se passou, a dor permanece — mas agora caminha ao lado da esperança por mudanças reais.
Vão esperar mais?
Na quinta-feira (6), esta coluna recebeu uma denúncia preocupante: um tio relatou omissão de uma tradicional escola privada de Uberaba diante de ameaças explícitas feitas por alunos extremistas contra seu sobrinho e outros estudantes bolsistas. De acordo com ele, há mensagens em grupo de WhatsApp, organizado por adolescentes do colégio, que dizem ser preciso “dar cabo dos sangues ruins” — uma expressão de ódio com ecos perigosos.
Sangue ruim
Na saga Harry Potter, “sangue ruim” é o termo pejorativo usado para rotular os filhos de não-bruxos — considerados de sangue “impuro”. Na vida real, ele está sendo usado de forma ainda mais cruel: em um grupo de WhatsApp de alunos, a expressão se refere aos colegas que não possuem sobrenomes tradicionais e estudam por meio de bolsas. “Não são dignos de estar ali”, dizem os agressores, segundo prints enviados à coluna. “Lugar de gente pobre é na escola pública, não misturados com a gente.”
(Imagem ilustrativa: Leilane Vieto)
Omissão
Segundo o denunciante, os pais das vítimas — muitos com medo de que o caso de Melissa se repita — procuraram a direção da escola pedindo providências. Nada teria sido feito. O motivo? O grupo de agressores seria formado por filhos de famílias tradicionais da cidade, incluindo pessoas ligadas ao alto escalão do governo municipal. “Para proteger a imagem da instituição e das famílias influentes, a escola parece preferir esperar o pior acontecer”, desabafa o tio. Ele também afirmou que as famílias temem recorrer às autoridades ou ao Ministério Público, com receio de retaliações.
Padrão que se repete
Casos de preconceito e exclusão social não são novidade naquela escola, segundo uma testemunha que acompanhava o tio. Ela relatou que, em outra situação abafada pela direção, uma aluna da educação infantil — também bolsista e recém-transferida — foi alvo de bullying desde o primeiro dia. O motivo: não ter um “sobrenome importante”.
Humilhada
No dia do brinquedo, a criança levou uma boneca simples, diferente das caríssimas “bebês reborn” ostentadas por colegas. Acabou inserida nas brincadeiras como "babá" e forçada a cuidar das bonecas das outras alunas, tratada como serviçal. A mãe da menina denunciou o episódio à escola, mas nenhuma providência foi tomada. Com um contrato que previa multa para rescisão, teve que assistir à filha ser humilhada até o fim do ano letivo, quando conseguiu transferi-la.
Omissão pode matar
A omissão das escolas diante de violências simbólicas ou diretas é, muitas vezes, o primeiro passo para tragédias maiores. A lógica da autoproteção institucional, que silencia denúncias em nome da reputação, fere diretamente o dever legal e moral de proteger os alunos — todos eles, não apenas os de sobrenome forte. A escola que não enfrenta o preconceito acaba cúmplice dele. Enquanto as autoridades fecham os olhos para o bullying de elite, vidas seguem sendo marcadas — ou tiradas — pelo medo, pelo descaso e pela exclusão.
Inclusão
O vereador Túlio Micheli visitou instituições especializadas em Bauru (SP) na última quinta-feira (5) para conhecer modelos de atendimento a pessoas com deficiência e neurodivergências. O SARA, voltado ao autismo, e a SORRI Bauru, que oferece reabilitação pelo SUS, impressionaram pelo atendimento humanizado e multidisciplinar. Micheli, autor de projetos pró-inclusão, quer adaptar esses exemplos a Uberaba. "São serviços que transformam vidas e precisamos replicar", destacou. A iniciativa faz parte de sua agenda por políticas públicas mais eficientes na área.
(Foto/Divulgação)
SUS como base
A SORRI Bauru, custeada pelo SUS, chamou atenção por integrar saúde, educação e assistência social em um único espaço. Durante a visita, Micheli destacou projetos como produção de órteses e terapias inclusivas, que garantem autonomia aos pacientes. O vereador defende a implantação de um modelo similar em Uberaba, unindo poder público e sociedade civil. "É possível oferecer dignidade através de políticas bem estruturadas", afirmou. A proposta surge em um momento de discussão sobre ampliação de verbas para saúde e inclusão no município.
Feira do Produtor
A 163ª edição da Feira do Produtor acontece neste sábado (7), das 7h às 12h, na Ceasa de Uberaba. Com 21 produtores participantes, o evento oferece hortifrutigranjeiros direto do campo a preços acessíveis (média de R$4,00 por pacote de verdura), além de queijos, doces, cachaças e artesanato local. A atração musical fica por conta do cantor Niltinho Paiva, que se apresenta das 9h às 12h. Sandoval Pio, diretor da Sagri, convida o público a prestigiar a feira e aproveitar para admirar o canteiro de girassóis, que está em seu auge de beleza. A Ceasa está localizada no final da av. Dona Maria de Santana Borges, no Pontal.
Campo sintético
A Prefeitura de Uberaba já executou 45% das obras do campo de grama sintética no Estádio Zé Galinha, no bairro Boa Vista, com previsão de entrega ainda em 2024. O projeto, orçado em R$ 390 mil (recursos de emenda do ex-deputado Delegado Heli Grilo), inclui base de concreto, drenagem e alambrado de 5 metros. A estrutura atenderá moradores do Grande Boa Vista e regiões vizinhas, promovendo esporte e lazer. O secretário Pedro Arduini (Sesurb) reforçou o compromisso da gestão com infraestrutura urbana inclusiva.
Acessibilidade
Além da grama sintética, o campo do Boa Vista terá passeios acessíveis e portões adaptados, seguindo diretrizes de inclusão da Sesurb. A obra, acompanhada por engenheiros da prefeitura, é parte de um pacote de melhorias para bairros periféricos, com foco em segurança e qualidade de vida. O presidente da Câmara, Ismar Marão, que intermediou os recursos, destacou a importância de parcerias legislativas para viabilizar demandas históricas da comunidade. A previsão é que a inauguração ocorra após a instalação da grama, última etapa do cronograma.
Mudança
A partir de segunda-feira (9/6), as unidades do programa Saúde na Hora terão atendimento estendido até às 20h. A mudança, anunciada pela Secretaria Municipal de Saúde, visa redistribuir o horário noturno para outras unidades que atualmente fecham às 17h. A decisão foi tomada após análise técnica com as equipes de Atenção à Saúde, garantindo que não haja prejuízos aos usuários. A medida faz parte da estratégia de ampliação do acesso aos serviços de saúde no município.
Frase
"A injustiça é a mãe da violência" (Afrânio Peixoto)
