Caos nas escolas
O ataque na Universidade Estadual da Flórida no mês passado, episódio em que o filho de uma policial matou duas pessoas e feriu outras seis, chocou muitos brasileiros. Contudo, não se pode esquecer que esta é uma realidade cada vez mais próxima do cotidiano de nossas próprias escolas. O risco de ataques similares, o que um dia pareceu improvável, hoje é real. Basta recorrer à memória para lembrar do massacre na a Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano (SP), onde em março de 2019, dois ex-alunos invadiram o espaço e mataram sete pessoas, sendo cinco alunos e duas funcionárias do colégio.
Normalização da violência?
No último dia 8 de maio nos assustamos ao ler que um menino de 13 havia sido esfaqueado e teve o pulmão perfurado por uma “colega” de 12 anos, na Escola Estadual Professora Orizena de Souza Elena, que fica na pequena Tejupá, cidade do interior paulista que tem pouco mais de 4 mil habitantes. Ocorrências como esta revelam como a violência se banaliza nas escolas. Hoje, conflitos rotineiros podem facilmente se transformarem em tragédias. A faca utilizada no crime e apreendida pelas autoridades simboliza o fracasso na prevenção. Quando a violência se torna linguagem entre crianças, estamos diante de uma crise civilizatória.
Imagem: Leilane Vieto
Uberaba chora!
No mesmo dia 8, Uberaba choraria a morte de uma de suas filhas: A jovem Melissa Campos, uma adolescente de apenas 14 anos, foi morta por um rapaz da mesma turma que ela estudava no Colégio Livre Aprender. A ação teria sido planejada por dois jovens (já apreendidos) da mesma idade da vítima e a investigação apontou que a principal motivação do assassinato teria sido a "inveja de ela simbolizar a alegria que eu não tinha”, o que teria sido dito a um policial militar pelo autor da facada que tirou a vida daquela menina que preenchia seus dias com a presença de Deus e de uma família amorosa e dedicada.
Feminicídio
A família de Melissa não concorda que tenha sido apenas por inveja. De acordo com nota publicada pela tida da vítima, Marisa Agreli, o crime precisa ser reconhecido como feminicídio, pois a adolescente teria sido escolhida para morrer dentre as meninas que “eles odiavam”. Ela pede ainda que o tema da misoginia não seja abafado pelas autoridades responsáveis pelo caso. Em vídeo publicado nas redes sociais Agreli conta que a jovem recebeu de seu agressor um bilhete escrito “sentença de morte” e que na sequência ele desferiu três facadas no tórax da jovem: “enquanto ele fazia isso, seu cúmplice gargalhava na frente de dezenas de pessoas”.
Punição
Em tom de desabafo, Marisa Agreli conclama a sociedade e pedir por mudanças no ECA: “Menores infratores responsáveis por crimes hediondos precisam pagar por seus atos. Medida socioeducativa de 3 anos não é suficiente”. Infelizmente não se verifica uma mobilização política concreta neste sentido e, enquanto isso, esta sensação de impunidade provocada pela legislação brasileira e as brandas punições que ela prevê para menores envolvidos em ações criminosas com certeza podem colaborar para estimular mais mortes em nossas escolas.
Insegurança
Embora o promotor de Justiça Diego Martins Aguillar, da Promotoria de Defesa dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes de Uberaba, tenha dito durante a entrevista coletiva convocada para esclarecer a conclusão das investigações sobre o ato infracional análogo a homicídio tenha dito, no dia 20 de maio, que “as escolas estão seguras”, a sensação que a população tem é outra, pois apenas dois dias depois houve o registro de um possível novo episódio de violência em outra instituição privada da cidade. O Colégio Nossa Senhora das Dores classificou a ocorrência como fruto de uma possível "brincadeira de mau gosto" e emitiu nota para tranquilizar os pais sobre o fato que teria envolvido cinco adolescentes.
A brincadeira
A escola esclareceu que três alunos, durante uma “brincadeira”, fizeram comentários que incluíam a fala de um matar o outro. Outros dois colegas ouviram o diálogo e, preocupados com a possibilidade de um atentado, comunicaram a direção, que em conjunto com sua equipe pedagógica apurou o ocorrido e concluiu que se tratava de uma fala tirada de contexto. Os pais dos alunos envolvidos foram imediatamente chamados e informados sobre a situação. No comunicado da escola percebe-se a memória da tragédia que tirou a vida de uma adolescente simplesmente porque ela era feliz demais: “Diante da dor ainda viva em nossa cidade, essa atitude gerou compreensível preocupação e indignação, sentimentos que compartilhamos integralmente com vocês”.
Pesadelo continua
Aos casos ocorridos nas instituições privadas, somou-se mais um registro envolvendo segurança nas escolas esta semana, desta vez na rede pública de ensino. Denúncia publicada pelo Jornal da Manhã na última sexta-feira (23) dá conta de que na Escola Municipal Uberaba, um aluno do sexto ano teria ameaçado colegas e professores com uma tesoura na terça-feira (20). Preocupadas, mães de alunos relatam medo das crianças em voltar às salas de aula. Ao JM, profissional que atua na Escola Uberaba revela que o Conselho Escolar se reuniu e votou pela expulsão do aluno, que já não se encontra mais matriculado na escola. A Secretaria Municipal de Educação A Secretaria de Educação (Semed) informa que, seguindo o protocolo de proteção integral aos estudantes, a direção da E.M. Uberaba tomou providências imediatas no dia da ocorrência, ouvindo e acolhendo todos os alunos envolvidos.
Transferência não é solução
O caso da Escola Municipal Uberaba, onde um aluno de 11 anos ameaçou colegas com uma tesoura, revela a falha estrutural no tratamento da violência escolar. A transferência do estudante após reincidências - solução padrão adotada por escolas públicas e privadas - apenas muda o problema de lugar. Sob o discurso da inclusão, muitas vezes se impõe às crianças vitimadas por este tipo de situação, traumas como o medo de frequentar as aulas. Em meio à insegurança verificada por um sistema que em regra pune a vítima forçando-a conviver com seu agressor, professores seguem sem apoio para lidar com casos complexos. Em regra, as ações adotadas se baseiam em protocolos meramente reativos quando seriam necessárias políticas preventivas mais efetivas.
Negligência?
O relato sobre o aluno com suspeita de transtorno comportamental (sem diagnóstico confirmado) na EM Uberaba expõe a precariedade no atendimento à saúde mental nas escolas, sejam elas públicas ou privadas. Como mostram os registros de suspensões e agressões, a rede não dispõe de mecanismos eficazes para identificar e acompanhar esses casos. O resultado é a criminalização de crianças que precisam de atendimento especializado - um ciclo perverso onde a escola, sem recursos, reproduz a exclusão que deveria combater.
Prevenção
Após o assassinato de Melissa Campos, o governo federal enviou apoio do Núcleo de Resposta e Reconstrução de Comunidades Escolares em Casos de Violência Extrema (NRRCE). A Secretaria Municipal de Educação (Semed) e o Ministério da Educação (MEC) deram início este mês a ações conjuntas de articulação de estratégias de enfrentamento e prevenção à violência nas escolas públicas e privadas. Contudo, parece ainda estar distante o dia em que poderemos dizer e sentir que nossas crianças e jovens estão realmente seguros, pois com certeza não basta prevenir é preciso uma atuação mais rígida do Estado em relação aos menores infratores, o que exige uma profunda revisão do Estatuto da Criança e do Adolescente.
Rock “in Uberaba”
Pra quem mora na terra do Zebu, mas curte a energia do bom e velho Rock’n Roll, a hora de ser feliz está chegando: nos dias 13 e 14 de junho, Uberaba sedia a 7ª edição do Dino’s Rock, um dos maiores encontros de motociclistas e amantes do ritmo rebelde da região. Para alguns ainda considerados “filhos do capeta”, os rockeiros dão exemplo de caridade, pois o evento, que será realizado no Parque Fernando Costa (ABCZ), terá entrada mediante doação de 1 kg de alimento não perecível. Toda a arrecadação será destinada a três instituições locais: Oasis, Amigos de Zoé e Casa de Apoio Danielle. Com programação diversificada, o festival busca fortalecer a integração entre motoclubes e a comunidade, além de promover a cultura e o turismo na cidade.
Integração
Com programação diversificada, o Dino’s Rock 2025 busca fortalecer a integração entre motoclubes e a comunidade, além de promover a diversidade cultural e o turismo na cidade. Um dos destaques desta edição será o “bonde oficial até Peirópolis”, no sábado (14), que deve reunir mais de 300 motos – um recorde na história do evento. O trajeto contará com escolta da Guarda Civil Municipal e da Polícia Rodoviária Federal para garantir a segurança dos participantes. Outro atrativo pra lá de bacana é o lançamento da camiseta oficial do festival, com arte exclusiva e renda revertida às instituições assistenciais beneficiadas.
Quem vem?
Foi através do PHD, um grupo que não só vive a paixão por motocicletas, mas também movimenta há anos esse encontro que reúne rockeiros de toda a região, que o festival nasceu, cresceu e virou tradição. Já são 9 anos de motos e rock’n roll, e um este ano, com o apoio da Prefeitura, a edição do Dino’s Rock promete ser histórica, adianta o presidente da Fundação Cultural de Uberaba, Cássio Facure. As bandas Big Moffo (foto) e Hard Piston Band já foram confirmadas. As demais atrações musicais serão divulgadas em breve nas redes sociais (@dinosrockfestival). O presidente da Câmara Municipal, vereador Ismar Marão aplaudiu a iniciativa e disse que o evento reforça a união entre cultura, motociclismo e responsabilidade social, conclamando toda a população a prestigiar o festival.
Foto: Divulgação
Feliz
Ismar Marão, que também é Motociclista, foi convidado para ajudar na organização do novo formato do Dino’s Rock, e lógico, como presidente da Câmara Municipal e sabedor da importância do festival para a cultura e o lazer em Uberaba, colocou a estrutura da casa legislativa à disposição. O vereador lembra que o evento tem finalidade filantrópica e reunirá motociclistas de vários estados e alguns países em nosso município, “assim além de ajudar instituições de nossa cidade ainda contribui para a geração de emprego e renda”. O vereador do PSD lembrou ainda que “Uberaba hoje é uma cidade turística e o festival ajuda a difundir o nosso geoparque até no nome”.
Eleições 2026
O prefeito de Conceição do Mato Dentro e atual presidente do PSB de Minas Gerais, Otacílio Costa, defendeu, no final da última semana, uma ampla articulação do campo progressista para a disputa ao governo do estado em 2026. A liderança posiciona sua legenda como peça-chave no processo que dará adeus a Romeu Zema (Novo). Costa afirmou que neste momento negocia a filiação de nomes como o do presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Martins Leite (MDB), e o do deputado federal Diego Andrade (PSD), buscando alternativas viáveis para disputar o Palácio Tiradentes.
Bolsonarista não!
Otacílio Costa adotou um tom pragmático ao afirmar que o PSB não apoiará nenhuma candidatura sem chances reais na sucessão de Romeu Zema. “Não vamos nos aventurar em projetos inviáveis”, afirmou ele, frisando que as conversas com Tadeu Leite e Diego Andrade apresentam-se como opções equilibradas. O gestor do PSB, porém, foi enfático ao descartar qualquer aproximação com o Partido Liberal: “Não fechamos as portas para ninguém, exceto para o PL”. A declaração reforça a estratégia do partido de consolidar uma frente progressista sem alianças com a legenda bolsonarista.
Audiência Pública
Por falar em bolsonarista, a presidente do PL Uberaba, fiel escudeira do ex-presidente, tem se mostrado atuante em seu primeiro mandato na Câmara de Vereadores. Na última semana, ela defendeu em Plenário o Requerimento 1525/25, de sua autoria, visando à realização de uma audiência pública para debater o prazo de seis meses de interstício exigido para a recontratação de servidores temporários pela administração pública. A discussão proposta visa avaliar os impactos da regra no serviço público e possíveis ajustes.
Frase
"Ah, meu Deus, eu sei, eu sei, que a vida devia ser bem melhor e será, mas isso não impede que eu repita: É bonita, é bonita e é bonita"
(Gonzaguinha)