CONEXÃO URBANA

Homofobia e transferência viram gatilho para a violência em escolas de Uberaba

François Ramos e Leilane Vieto
François Ramos & Leilane Vieto
Publicado em 07/06/2025 às 11:20
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Repercussão preocupante
Após a publicação, na coluna CONEXÃO URBANA da última sexta-feira (7), de denúncia de bullying que encontra sua origem em tradicional escola privada de Uberaba, os colunistas receberam diversas manifestações de pais e familiares de crianças e adolescentes que vivem situações semelhantes em outras escolas de Uberaba. Os relatos reforçam a existência de um padrão silencioso de exclusão e violência simbólica contra estudantes transferidos, introvertidos, com deficiência, autistas e principalmente contra aqueles considerados “suspeitos” de não serem heterossexuais (como consta de um print de grupo de WhatsApp que nos foi apresentado).

Transferência
Em dois dos relatos recebidos pela coluna, meninas de 9 e 12 anos passaram a sofrer bullying logo no início do ano letivo, após serem transferidas de escola. A mãe de uma delas contou que decidiu retirar a filha de uma unidade da rede municipal temendo a violência de um aluno mais velho — já expulso de outras escolas — que agia com agressividade durante o recreio, na saída e até mesmo em sala de aula. “Depois que um coleguinha da minha filha apanhou dele e ele recebeu apenas uma advertência, percebi que precisava tirá-la de lá”, relatou. Mesmo sem condições financeiras ideais, optou por matriculá-la em uma escola particular, mas se decepcionou: “Mal sabia que o inferno lá seria ainda pior”, desabafou.

Preconceito
De acordo com a mãe da adolescente, que frequenta o 7º ano do Ensino Fundamental, o pesadelo na nova escola teve início assim que um dos professores afirmou em sala de aula que ela havia chegado transferida de uma escola pública e que precisaria se esforçar muito para acompanhar a classe: “Ela nunca foi aceita pela turma. É excluída de grupos de trabalho, colocada de fora das atividades da educação física, olhada com desdém e vítima de comentários maldosos quanto à sua origem o tempo todo. Está deprimida e tive que arrumar um psicólogo para acompanhá-la”, disse a matriarca afirmando não saber mais o que fazer, pois a escola em nada se movimentou após o problema ser levado ao corpo pedagógico. “Fazem de conta que não está acontecendo nada!”, finalizou.

(Foto/Ilustrativa/Reprodução/Redes sociais)

Não tem idade
A mãe da criança de 9 anos, que está no 4º ano do Ensino Fundamental, disse que também precisou providenciar acompanhamento psicológico para a filha. Após trocar de emprego e perder a bolsa que a filha possuía em uma escola privada, transferiu a infante para outra escola, com mensalidade dentro de seu orçamento: “a perseguição pelas coleguinhas se dá simplesmente porque têm ciúme dela com um menino que seria namoradinho da líder da sala. Nunca pensei que algo assim pudesse acontecer. Criança não namora!” Neste caso, a omissão da escola na solução do problema também foi apontada pela denunciante.

Homofobia
Outro relato que assusta, veio da mãe de um aluno de escola da rede estadual de ensino, localizada em um bairro considerado “nobre” na cidade, e pela qual já passou como diretora uma ex-secretária da Educação. De acordo com ela o filho, atualmente cursando o Ensino Médio, tem sido vítima constante de bullying nos últimos anos, devido a ser considerado “suspeito” de ser homossexual. Preocupada com a dimensão dos ataques que o jovem vem recebendo e que incluem vídeos e imagens de cunho sexual produzidos com Inteligência Artificial, distribuídos com a ajuda das redes sociais, ela também já teria recorrido à equipe técnico-pedagógica da instituição de ensino, sem sucesso.

Então...
A mãe do jovem perseguido pelos colegas disse que ele não é a única vítima de homofobia na escola. Ela afirma que vários são os adolescentes que sofrem com o preconceito e a discriminação motivada por gênero, uma violência que já se manifestou com seu filho de diversas formas, que vão desde o bullying verbal e em ambiente virtual (games e redes sociais) até a violência física (este ano ele já foi empurrado por um dos agressores e caiu sofrendo ferimentos leves). O pior, afirma: “é que as atitudes homofóbicas estão sendo estimuladas por outros pais”, causando um impacto negativo muito grande na vida dos estudantes LGBT que frequentam aquela escola.

O silêncio também fere
Diante da onda de relatos recebidos após a denúncia publicada na sexta-feira (06), fica evidente que o bullying — muitas vezes invisibilizado sob o manto da “brincadeira” ou da “rivalidade entre crianças” — é uma violência real, devastadora e sistematicamente negligenciada. O ambiente escolar precisa ser, acima de tudo, espaço de acolhimento e respeito. Para isso, é fundamental que instituições educativas encarem com seriedade sua responsabilidade formativa, adotando políticas efetivas de enfrentamento ao bullying e à discriminação em todas as suas formas.

Responsabilidade compartilhada
Importante destacar que essa tarefa não cabe apenas à escola. Pais e responsáveis devem ser protagonistas na formação ética e emocional de seus filhos, acompanhando atitudes, promovendo empatia e ensinando que respeito não se exige apenas de fora, mas começa dentro de casa. O cuidado com o bem-estar e a saúde mental de crianças e adolescentes precisa deixar de ser um tabu e se tornar prioridade. Em tempos em que discursos de ódio circulam com naturalidade, é dever de toda a sociedade proteger os mais vulneráveis. Silenciar, neste caso, é compactuar com a violência.

Esperar o quê?!
Porém, ter esperança em dias melhores não é missão fácil, pois não bastasse o silêncio daqueles que deveriam agir, não faltam na vida cotidiana exemplos de como não agir acompanhados de uma impunidade que foi normalizada pelo discurso político. Proprietária da loja Mili Store (Uberaba), publicou nas redes sociais da empresa vídeo no qual faz um desabafo sobre a crueldade de pessoas que, disfarçadas de “clientes” entraram nos provadores de roupa do empreendimento dedicado ao público feminino, rasgaram os puffs ali disponibilizados para maior conforto e, segundo apurado pela coluna, esconderam peças de roupas em seu interior, deixando clara a intenção também de furtar. 

Desespero
Aos prantos a empresária desabafa: “quem falou que seria fácil empreender no Brasil, tão difícil como está e ainda ter gente pra fazer isso. É osso hein mulherada?! Saber que um gesto assim vem de outra mulher...”, palavras que são acompanhadas pela indignação não apenas dos prejuízos impostos a uma pessoa que sobrevive de seu trabalho, mas pela impunidade. “Eu entro na loja todo dia cedo, saio tarde, muitas vezes abro mão de estar com a minha família para me entregar ao projeto da Mili e vem gente pra fazer essa maldade. Mas Deus é maior!”, finalizou ela.

Esporte que salva
Encontramos conforto quando nos deparamos com iniciativas como a do Instituto Professor Wander, que acredita na força do esporte como uma ferramenta de inclusão e desenvolvimento. No treino desta manhã (7), na escolinha de futebol, os jovens receberam informações sobre a importância da saúde física e mental para um mundo mais humano e justo.

(Foto/Marta Mello)

Mais que futebol
Em seu projeto social, o ex-vereador professor Wander, que em breve pode retornar à Câmara Municipal (se mantidas pelo Tribunal as decisões da Justiça Eleitoral de Uberaba em ações que apuram fraude à cota de gênero nas últimas eleições) tem se dedicado não apenas a ensinar fundamentos esportivos, mas a formar cidadãos conscientes. Em suas conversas com os alunos da escolinha, ele reforça o “não” à violência e o “sim” ao respeito, à fraternidade e à solidariedade — valores que, segundo ele, são tão essenciais quanto qualquer técnica em campo. O objetivo é claro: construir, desde cedo, uma cultura de paz dentro e fora das quatro linhas.

Saúde
A Unidade de Saúde da Zona Rural do Borgico/Calcário realiza neste sábado, 7 de junho, a campanha "Vacinar é cuidar de você e de quem você ama!". O objetivo é expandir a cobertura vacinal e conscientizar sobre a importância da imunização para a saúde coletiva. A ação ocorre das 14h às 16h, na Chácara do Sr. Ivan, no Assentamento Paz na Terra. Leve documento com foto e carteira de vacinação para atualizar suas doses.

Batizado de fogueira
Na última sexta-feira, 06 de junho, a Paróquia São Judas Tadeu celebrou com grande fervor o tradicional batizado de fogueira, durante a missa em honra a São João Batista. Presidida pelo Padre Juliano Evangelista Nascimento, a celebração ressaltou a importância do batismo e a espiritualidade popular junina, com destaque para a entrada do estandarte do santo e a simbólica renovação do compromisso cristão à luz do Espírito Santo.

(Fotos/François Ramos)

Festa junina
Após a celebração, dezenas de fiéis participaram da “festança” na Praça São Judas Tadeu, com comidas típicas e animado bingo. A festa continua neste sábado, 07, com missa dedicada a Nossa Senhora Aparecida e prêmio especial de R\$ 2.000,00. No domingo, 08, a missa de Pentecostes encerrará os festejos com homenagens a São Pedro e São Paulo. A comunidade é convidada a viver a fé em clima de alegria e união.

Frase
"A violência destrói o que ela pretende defender: a dignidade da vida, a liberdade do ser humano."
(João Paulo II - papa da Igreja Católica Apostólica Romana de 1978 a 2005)

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