Assalto ao LS Guarato mostra falhas de segurança

Não. Você não está lendo a coluna Sentinela. É Alternativa mesmo. Mas impossível não comentar o fato que correu de boca em boca, dominou o noticiário do dia, pipocou fortemente nas redes sociais…

O assalto ao supermercado LS Guarato foi o assunto mais comentado nesse início de semana. A ação dos assaltantes foi rápida, mas atrapalhada. Tanto assim que um deles foi baleado por comparsa, que o confundiu com policial e atirou a queima roupa (video abaixo). Mesmo assim, eles conseguiram levar os malotes de dinheiro

DESENCONTRO

Durante todo o dia circularam informações desencontradas sobre o assalto, que aconteceu exatamente no horário em que o carro forte da Prossegur recolhia os malotes. Segundo as primeiras informações da PM, o crime teria sido praticado por três elementos, que ocupavam um veículo Elantra preto. No entanto, imagens de câmeras de segurança mostraram quatro pessoas entrando no carro depois do assalto (VIDEO ABAIXO). Três ficaram do lado de fora do prédio e um outro assaltante voltou do supermercado com os malotes nos ombros.

TRAPALHÃO

A princípio se disse que os vigilantes da Prossegur que estavam no carro forte teriam baleado um dos assaltantes, mas depois se constatou que foi “fogo amigo”, de um bandido contra o outro, por engano Aliás, chegou-se a especular que os bandidos teriam jogado do baleado na porta do Hospital Mário Palmério. Também não procede essa informação. O baleado foi levado para o Hospital de Clínicas.

“CAPIVARA”

O bandido que tomou um tiro do comparsa foi devidamente identificado. Pasme! A criatura tem uma extensa ficha corrida. É um daqueles “profissionais do crime”, velho conhecido das polícias. Deu “ruim” pra ele, desta vez.

NO ENCALÇO

Sob o comando do Delegado Felipe Colombari, a Polícia Civil está com três equipes na rua e até o fechamento desta coluna já havia montado o quebra-cabeças desse assalto. Polícia Civil e Polícia Militar estão trabalhando juntas nesse episódio para dar uma resposta rápida à sociedade.

SEGURANÇA PRECÁRIA

Não se trata de crítica à direção do supermercado. Pelo contrário. É o supermercado da família uberabense e fez o dever de casa, contratando uma empresa de segurança para o transporte de valores. Mas esse episódio do assalto deixou claro que Uberaba já não é mais aquela cidade onde se pode deixar uma porta aberta sem trava de segurança. Toda cautela é pouca.

TOLERÂNCIA ZERO

A propósito, Capitão Roberto Alves participou do programa O Pingo do Jota desta segunda-feira e coincidentemente o tema foi segurança pública. Expert no assunto, ele já participou de planejamentos na área, tanto para Polícia Militar quanto para o Município e apresentou uma série de sugestões para um novo plano para os próximos anos em Uberaba, durante reunião da Sociedade Civil Organizada, realizada na semana passada. Segundo ele, Uberaba precisa seguir o modelo implantado do programa Tolerância Zero, implantado em Nova York pelo ex-prefeito Rudolph Giuliani. Esse programa não se trata de prender indiscriminadamente as pessoas, mas preparar os ambientes para evitar a prática de crimes.

O QUE FAZER?

De imediato, Capitão Roberto sugere que os projetistas e a Prefeitura atentem para as questões técnicas relacionadas à segurança nas praças da cidade. Num primeiro momento, a Prefeitura poderá levantar as praças existentes e classificar aquelas que se destinam à convivência das pessoas, para adequá-las no momento seguinte. De que forma? Melhorando a iluminação do local, fazendo a poda adequada das árvores no entorno e na própria praça, colocando os bancos voltados para a rua (para evitar que as pessoas sejam surpreendidas por assaltantes, enquanto estiverem ali sentadas e distraídas), dentre outros itens. São providências simples, mas que podem trazer bons resultados.

QUEM ERROU?

Consultei Capitão Roberto sobre o assalto ao supermercado LS Guarato. Ainda sem a ocorrência policial finalizada - e, portanto, com dados oficiais ainda desconhecidos - ele explicou que para ocorrer um crime são necessários três requisitos: alvo disponível, agente motivado e ausência de vigilância. Em que pese o supermercado ter contratado uma empresa especializada em transporte de valores, ao que tudo indica houve falha operacional desta. Taticamente, um vigilante busca os malotes, enquanto outro fica postado do lado de fora, para inibir a ação de bandidos. Pelo menos nas imagens que circularam pelas redes sociais, não se percebe a presença desse vigilante postado na porta de acesso ao supermercado.

GAIOLA

Dentre outras medidas de segurança, Capitão Roberto considera extremamente importante dificultar a ação dos bandidos, de modo a desmotivá-los. Criar “gaiolas” de segurança para disciplinar o acesso à área financeira da empresa seria uma dessas medidas. Outra é evitar a rotina, como, por exemplo, todo dia entregar os malotes no mesmo horário, pelo mesmo local…

PLANEJAMENTO PRÉVIO

Com base na sua vasta experiência policial, Capitão Roberto acredita que o assalto foi planejado com pelo menos um mês de antecedência e os assaltantes tiveram tempo de estudar o ambiente. De acordo com sua avaliação, é muito provável que os assaltantes tenham contado com a colaboração de agente interno para “dar a ficha”.

DE FORA

Decisão do Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais indeferiu o registro de candidatura de Renato Cartafina. Situação bastante delicada e controversa, sem dúvida alguma.