MAIO LARANJA

Uberaba acumula mais de 100 casos de violência sexual contra crianças e adolescentes este ano

Dos 103 registros ocorridos até abril, 61 se deram dentro das próprias residências das vítimas, segundo o levantamento

Joanna Prata
Publicado em 21/05/2025 às 15:47Atualizado em 21/05/2025 às 18:31
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Uberaba registrou 88 casos de violência sexual nos quatro primeiros meses de 2025, sendo 65 deles contra crianças de até 14 anos. O número corresponde a 73,8% das ocorrências do tipo no município, segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) de Minas Gerais. Em entrevista à Rádio JM nesta quarta-feira (21), a delegada Ludmila Perfeito, titular da Delegacia de Orientação e Proteção à Família, revelou que somente em maio foram instaurados 15 procedimentos de violência sexual contra crianças e adolescentes, elevando o quantitativo anual para 103.

Outro fator  alarmante é que 61 desses casos ocorreram dentro das próprias residências das vítimas, revelando que, na maioria das vezes, o agressor está no círculo de confiança da criança: pais, padrastos, avós, tios ou amigos próximos da família. Diante desse cenário, a delegada Ludmila alerta para a importância da vigilância ativa dos responsáveis. De acordo com ela, a detecção precoce da violência sexual depende, em grande parte, da capacidade dos pais, cuidadores e educadores de identificarem mudanças sutis, mas significativas, no comportamento da criança.

“Isolamento social, alterações de humor, tristeza repentina, insônia e até dores físicas sem causa aparente são sinais frequentes”, afirma. Crianças pequenas, que ainda não conseguem verbalizar o que sofrem, podem expressar o abuso por meio de comportamentos regressivos ou sexualizados, além de desenhos com conteúdo inapropriado para sua faixa etária.

Outro ponto de atenção destacado pela delegada é o comportamento da criança em relação ao próprio corpo e aos outros. Toques excessivos nas regiões íntimas, conhecimento precoce sobre sexualidade e expressões verbais ou gestuais inusitadas podem indicar exposição indevida ou abuso. “O corpo fala, atenta a essas questões e a sexualidade aflorada, que às vezes é aquela curiosidade pelas questões sexuais de forma bem precoce”, ressalta Ludmila Perfeito.

Delegada titular da Delegacia de Orientação e Proteção à Família, Ludimila Perfeito, recomenda atenção dobrada par a prevenção de casos (Foto/Rodrigo Garcia/CMU)

Além da observação da vítima, a delegada orienta os pais a estarem atentos às atitudes de adultos ou adolescentes próximos à criança. Presentes fora de datas comemorativas, ciúmes exagerados, tentativas de isolar a criança do convívio com outras pessoas ou imposições excessivas de autoridade podem ser estratégias usadas por abusadores para criar um vínculo de silêncio e submissão. “É fundamental desconfiar de qualquer comportamento que limite a autonomia social da criança ou que busque controlar suas relações afetivas”, explica.

Nos casos de suspeita, a Polícia Civil de Uberaba atua em parceria com o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), onde são realizados exames médicos e coletado material genético, além de iniciado o acompanhamento psicossocial da vítima. A delegacia não possui equipe própria de psicólogos, mas conta com o apoio da rede municipal para garantir atendimento especializado em Uberaba. Crianças e adolescentes são ouvidos por profissionais capacitados em escuta protegida, que utilizam abordagens lúdicas e técnicas para identificar sinais de abuso.

A delegada reforça que a denúncia é o primeiro passo para interromper o ciclo de violência e evitar novas vítimas. Canais como Disque 100, Disque 180, Conselho Tutelar, Polícia Militar e a própria Delegacia de Proteção à Família são meios seguros e sigilosos para relatar suspeitas.

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