HISTÓRIA

Relação da Igreja Católica com as festas afro remontam há 2 séculos

Tito Teixeira
Publicado em 24/05/2024 às 19:50
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Em meio à polêmica sobre a celebração da abolição na igreja de Santa Teresinha em Uberaba, pesquisas apontam que essa manifestação cultural está presente no calendário de atividades do município há pelo menos dois séculos. Vários pesquisadores, memorialistas e historiadores apontam datas diferentes.

E sua obra, “História de Uberaba”, José Mendonça destaca a participação de um padre na construção de uma igreja que até os dias de hoje é ponto de comemoração das manifestações de congada e das comemorações que remetam ao 13 de Maio, data da assinatura da Lei Áurea.

Há registros históricos de que não havia por parte da Igreja Católica qualquer restrição a essas manifestações do povo preto. Por exemplo, em 17 de setembro de 1820, vieram para Uberaba como coadjutores do vigário Silva os padres Zeferino Batista do Carmo e Francisco Ferreira da Rocha.

Segundo a obra, padre Zeferino, que já estava radicado na cidade à época: “Um belo templo, de estilo colonial, que se erguia na atual Avenida Presidente Vargas, fazendo frente para a Rua Arthur Machado. Era a igreja do Rosário da Irmandade dos Homens de Cor, e lá se realizavam festas do Rosário e de São Benedito”.
O padre Zeferino Batista do Carmo iniciou, em 1839, a sua construção, que outros concluíram em 1841.

Acredita-se que, com a construção da igreja, africanos e crioulos passaram efetivamente a ter um local para rezar, dançar e cantar em louvor a Nossa Senhora do Rosário e a São Benedito.

Ainda segundo a obra de José Mendonça, com o término das obras de construção da igreja do Rosário, em 1841, fica a hipótese de que estas manifestações resistem aproximadamente há quase dois séculos em Uberaba, onde os ternos de Congadas se tornaram uma das heranças culturais mais antigas e mais tradicionais, sempre presentes nas festas em louvor à abolição da escravatura, a Nossa Senhora do Rosário e em diversos eventos culturais do município.

A primeira referência encontrada que menciona os nomes congadas e moçambiques aparece nas comemorações do 13 de Maio no jornal Gazeta de Uberaba de 14 de maio de 1901: “Rufos de tambores anunciavam folguedos populares que se prolongaram até altas horas da noite. Os divertimentos aqui cifraram-se em danças públicas organizadas pelos antigos grupos de dançarinos de congados e moçambiques”.

O jornal Gazeta de 14 de maio de 1909 destaca, além das danças e indumentárias das congadas: “Que tradicionalmente festejam a data querida, apareceram com seus dançados produzindo mais animação. Vestidos a caráter com calções, tangas e cocares de penas, exibiram-se ao som de tambores e pandeiros, ante a alegria dos espectadores. Começou a sua passeata cerca de meio-dia, detendo-se em diversos pontos”.

Em Uberaba, há também celebração do 13 de Maio no Santuário Basílica de Nossa Senhora da Abadia. Local onde também, durante as comemorações da Padroeira de Uberaba, é celebrada a tradicional Missa Afro.

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