A taxa de ausências foi alta em todas as seis especialidades oferecidas: clínica geral, enfermagem, psicologia, nutrição, ginecologia e assistência social (Foto/Reprodução)
Entre janeiro e abril deste ano, 281 pessoas deixaram de comparecer aos 924 atendimentos agendados no Centro de Referência em Saúde da População LGBTQIA+ (CRESP), em Uberaba. O número corresponde a uma taxa de ausência de 34,3% neste primeiro quadrimestre e acende alerta sobre a continuidade e o fortalecimento do serviço.
A Coordenadora de Políticas LGBT+ em Uberaba, Lucimira Reis, vê o cenário com preocupação. “Quando o público não aparece, pode transparecer para a gestão pública e para a sociedade de que o local em si não está sendo tão válido”, lamenta.
Lucimira destacou que o CRESP é o único centro com esse modelo em Minas Gerais. “É um serviço público que foi feito e pensado para a população LGBT+ especificamente. E isso é um grande avanço, isso é um passo gigantesco que o município fez na área de saúde, reconhecendo que a saúde LGBT+ tem suas especificidades”, pontua a coordenadora.
A taxa de ausências foi alta em todas as seis especialidades oferecidas: clínica geral, enfermagem, psicologia, nutrição, ginecologia e assistência social. Em fevereiro, os dados chamam ainda mais atenção: em uma das especialidades houve 39 atendimentos agendados e 38 faltas; em outra, apenas 3 atendimentos foram realizados para 10 agendamentos. “Como nunca houve uma caída de público dessa, até eu fiquei mais assustada”, comentou Lucimira.
As razões ainda estão sendo apuradas, mas Lucimira apontou possíveis fatores: “Às vezes a pessoa está em falta de grana para um ônibus, para um Uber... chuvas também. Para quem vai a pé, tem muitas outras coisas aí que pode ser”, avalia. Ela acrescentou que a rede SUS como um todo também teve queda de atendimentos no mesmo período, o que pode ter influenciado.
Para entender melhor o cenário, a equipe do CRESP tem buscado contato com os pacientes que faltaram. Lucimira também reforçou a importância de criar um canal direto com os usuários. “Na nossa conferência teve até um pedido para que a gestão pública faça um canal de atendimento ao LGBT, sabe? Quando ele tiver com alguma questão, algum problema, dúvidas... é muito importante esse canal”, avalia. E finalizou: “É um serviço nosso. Ele é de Uberaba.”