FORMIGA-FEITICEIRA

Pesquisadores da UFTM publicam artigo em periódico internacional sediado na Alemanha

Marconi Lima
Publicado em 10/12/2024 às 19:42
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A formiga-feiticeira é uma espécie amplamente distribuída no Brasil, principalmente em áreas de cerrado e caatinga (Foto/reprodução)

A formiga-feiticeira é uma espécie amplamente distribuída no Brasil, principalmente em áreas de cerrado e caatinga (Foto/reprodução)

O artigo intitulado “Ultrablack color in velvet ant cuticule” foi recentemente publicado no periódico internacional “Beilstein Journal of Nanotechnology”, especializado em nanociência e nanotecnologia e sediado na Alemanha. Três dos autores da publicação são da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM): Vinicius Marques Lopez (Laboratório Lestes e pós-doc no PPGCTA), Juliana Reis Machado (Instituto de Ciências Biológicas e Naturais) e Rhainer Guillermo-Ferreira (Laboratório Lestes).

Os outros autores são Wencke Krings (Departamento de Morfologia Funcional e Biomecânica, Universidade de Kiel, Alemanha e Departamento de Cardiologia, Endodontia e Periodontologia, Universität Leipzig, Alemanha) e Stanislav Gorb (Departamento de Morfologia Funcional e Biomecânica, Universidade de Kiel, Alemanha).

O artigo aborda a ultraestrutura da cutícula ultraescura em Traumatomutilla bifurca (Hymenoptera, Mutillidae), uma espécie de formiga-feiticeira amplamente distribuída no Brasil, principalmente em áreas de cerrado e caatinga. Os pesquisadores realizaram uma análise abrangente da cutícula, revelando propriedades ópticas únicas.

“Nossos achados revelam uma cutícula altamente especializada, caracterizada por microestruturas que efetivamente minimizam a refletância e aumentam a absorção de luz. A espectrometria óptica confirmou a natureza ultraescura da cutícula, com a refletância da luz se aproximando de níveis mínimos em um amplo espectro de comprimentos de onda. Portanto, nosso estudo contribui para uma compreensão mais profunda dos materiais biológicos ultraescuros e suas potenciais aplicações em biomimética”, pontuou o artigo.

A biomimética é uma área interdisciplinar da ciência que estuda estruturas biológicas e suas funções, procurando aprender com a natureza, suas estratégias e soluções, e utilizar esse conhecimento em diferentes campos da ciência e tecnologia.

De acordo com o pesquisador da UFTM, Rhainer Guillermo-Ferreira, o fenômeno das cores altamente absorventes, também conhecidas como ultraescuras, tem despertado grande interesse nos últimos anos, devido às suas aplicações potenciais em vários campos, incluindo óptica, camuflagem e coleta de energia solar. Essas cores são caracterizadas por sua capacidade de refletir uma quantidade excepcionalmente baixa de luz visível.

“As cores ultraescuras são um espetáculo raro entre os animais. Essas cores com alta absorção são formadas na natureza por um arranjo sofisticado de microestruturas (ou seja, estruturas visíveis ao microscópio) ao lado de deposições de pigmentos nos tecidos subjacentes”, disse o pesquisador. 

O pesquisador Vinicius Lopez explica que os nomes das Mutillidae no Brasil refletem suas características marcantes de coloração e comportamento. “Recentemente, um grupo de pesquisadores catalogou mais de 20 nomes diferentes atribuídos às fêmeas dessas vespas no país. A maioria desses nomes está associada à semelhança com formigas e à presença de pelos e manchas coloridas e brilhantes que se destacam no ambiente, como ‘formiga-feiticeira’, ‘formiga-oncinha’ e ‘formiga-rainha’. Outros nomes, como ‘formiga-chiadeira’, estão relacionados ao som característico que as fêmeas emitem quando perturbadas”, ressaltou.

O estudo foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). 

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