Após crescimento de 15% no volume no primeiro trimestre, estratégia de captação de órgãos teve de ser totalmente alterada
Foto/Jairo Chagas
Coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes do HC, Ilídio Antunes de Oliveira Júnior
A pandemia impactou no volume de doação de órgãos e tecidos para transplantes, conforme afirma o coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes do HC, Ilídio Antunes de Oliveira Júnior.
De acordo com ele, o primeiro trimestre do ano houve crescimento de 15% no volume de doações, o que gerou grande expectativa para 2020. Porém, com o advento da pandemia, toda estratégia para a captação teve de ser alterada, mudando ainda toda a logística dos transplantes. Conforme esclarece, 97% das empresas aéreas, que também transportam órgãos, interromperam as atividades. “É uma logística incrível que foi prejudicada”, diz.
Além disso, os doadores tiveram que ser testados pela Covid-19, para evitar uma possível contaminação do receptador. Com isso, a queda no número de doações foi de 15% nos meses de abril, maio e junho.
Ilídio Antunes também revela que a pandemia reduziu o número de acidentes de trânsito, cuja maior parte das vítimas tem morte encefálica. “Com a pandemia, as pessoas ficaram mais em casa, o que felizmente diminuiu os acidentes de trânsito, mas também impactou no número de transplantes”, diz o médico, informando ainda que houve queda nas mortes por acidentes vasculares cerebrais. “Estes fatores reduziram a quantidade de órgãos para transplante”, diz.
Em relação às córneas, a captação foi interrompida para transplantes eletivos, ou seja, aqueles programados, mantendo-se apenas as doações de urgência, resultando em uma redução de 70% a 80% no volume de doações. Consequentemente, houve um aumento na fila de espera para doações de córneas.
O médico diz que aguarda mudanças nas normativas para doações de órgãos pelo Sistema Nacional de Transplantes, do Ministério da Saúde, para que a situação seja revertida.