A secretária adjunta da Educação, Raquel Beatriz Dias de Oliveira, e o titular da Coordenadoria de Igualdade Racial, Reginaldo da Silva, o Peixinho, atuam na conscientização antirracista dentro das escolas (Foto/Divulgação)
Muito além dos livros didáticos, cresce nas escolas de Uberaba a mobilização por uma educação inclusiva, equitativa e antirracista. A luta pela igualdade racial vem ganhando espaço na rede de ensino, impulsionada por políticas públicas, projetos escolares e pela atuação de lideranças, como o titular da Coordenadoria de Igualdade Racial, o músico Reginaldo da Silva, o Peixinho, e a secretária adjunta da Educação, Raquel Beatriz Dias de Oliveira. Ambos com trajetórias marcadas pelo compromisso com a transformação social por meio da educação. Durante o mês de maio, o Jornal da Manhã, em parceria com a Câmara Municipal, desenvolve conteúdo especial sobre o enfrentamento ao racismo na cidade.
À frente da Coordenadoria de Políticas de Igualdade Racial, Peixinho destaca que a articulação com o ambiente escolar é uma das prioridades do seu trabalho. “Nosso foco é firmar parcerias com escolas públicas e privadas, universidades e institutos, promovendo oficinas e palestras que discutem a diversidade e inclusão. Ao ensinar sobre a história e cultura afro-brasileira, podemos transformar mentalidades e combater preconceitos”, afirma.
Essa transformação, no entanto, ainda enfrenta desafios, como a resistência de alguns segmentos escolares e a falta de preparo para lidar com as questões raciais. Para Peixinho, é fundamental sensibilizar educadores e gestores, muitos dos quais ainda têm dificuldade em reconhecer a urgência do tema ou em abordá-lo de forma adequada. Ele defende que o diálogo aberto entre toda a comunidade escolar é essencial para a construção de um ambiente que valorize todas as identidades.
Raquel de Oliveira, que atua na Secretaria Municipal de Educação (Semed), compartilha de visão semelhante. Com mais de duas décadas de experiência como professora da rede municipal, ela traz para a gestão uma vivência marcada por desafios enfrentados desde a infância e afirma que essa trajetória pessoal molda suas decisões. “Como mulher negra, mãe, professora e gestora que percorreu diversos espaços dentro da Rede Municipal de Ensino, eu carrego não só o olhar técnico, mas também o olhar humano e empático de quem conhece, na prática, os desafios enfrentados por alunos, professores e gestores”, destaca.
Segundo a secretária adjunta de Educação, a aplicação da Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da história da cultura afro-brasileira e africana em todas as unidades escolares, é uma das principais ações da Semed. Em 2023, ela promoveu uma ação sobre educação antirracista durante o encontro de gestores intitulado “De Ponto a Ponta”, uma formação para todos os gestores da rede sobre a educação antirracista. Nessa mesma perspectiva, a arte também tem sido uma aliada poderosa nesse processo. “Uso a música e a performance para engajar os alunos em discussões sobre identidade e cultura”, conta Peixinho.
Para ambos, a luta por igualdade nas escolas é coletiva e diária. “O debate racial em sala de aula é fundamental para construirmos uma sociedade mais justa”, conclui o músico. Paralelamente, Raquel reforça: “Luto por uma educação pública de qualidade porque acredito que é por meio dela que podemos transformar vidas, como a minha foi transformada”.