Conselho de Safra anuncia perdas nas lavouras em decorrência da longa estiagem em Uberaba

Em reunião nesta quinta-feira (13), no Sindicato Rural, membros do Conselho de Previsão de Safra confirmaram que os mais de 60 dias sem chuvas no Município afetaram as lavouras de sorgo, trigo e milho safrinha. As quedas podem chegar a 40% da produtividade.

Abrindo os debates, o geógrafo Matheus Alves, da Secretaria do Agronegócio (Sagri), falou da escassez de chuvas em Uberaba. “Tem vários pontos no Município que acumulam 63 dias sem cair uma gota sequer de chuva, e olha que as previsões para julho não refrescam, mostrando só 9 milímetros de precipitação”, enfatizou.

De acordo com os conselheiros, isso já afetou as lavouras. O milho safrinha deve fechar com área de 20 mil hectares, para 24.500 no ano passado. Segundo Petrônio Silva, extensionista da Emater, a queda vai além da área plantada. “Quem plantou em fevereiro colheu espigas graúdas, porém, a maioria que está colhendo agora, a produtividade foi fortemente afetada pela falta de chuva. A previsão é de uma queda de até 40%, com a média da produção caindo de 6.500 quilos de milho por hectare (2023), para 3.800 quilos agora,” informou.

Os conselheiros também apresentaram os números do sorgo. A lavoura deste ano deve fechar com 37 mil hectares, lembrando que, em 2023, a área plantada foi de 51 mil hectares. A queda de produtividade aí, disse Petrônio, é inevitável. “Tem produtor que nem vai colher o sorgo, afinal, a planta não cresceu em razão da seca,” lamentou.

Situação bem parecida com o trigo cerrado. Apesar dos números alvissareiros de 15 mil hectares de área plantada, entre trigo irrigado e trigo sequeiro, o fechamento vai ficar aquém. Até o momento, de acordo com visitas a campo, os técnicos relataram que a lavoura de trigo irrigado totaliza 2.800 hectares e a de trigo sequeiro, 5 mil hectares. Mas ainda há áreas a serem computadas e o quadro deve alterar.

O pesquisador da Embrapa, Joaquim Soares Sobrinho, afirmou que já é ponto pacífico a perda na produtividade da atual lavoura, também decorrente da falta de água. “Tem estimativas de até 30%. Isso sem falar das propriedades onde o trigo não evoluiu e a área foi gradeada.”

 Apesar disso, o pesquisador garantiu que o trigo cerrado continua forte em nossa região. “Afinal, a qualidade do nosso trigo é tão boa quanto os melhores do mundo,” afirmou Joaquim.

Na reunião, os conselheiros apontaram ainda o crescimento do plantio de batata em Uberaba. Já são mais de 4 mil hectares de lavoura no Município, com grande concentração na região do Chapadão (sentido Nova Ponte). O cultivo da cenoura também é expressivo e aproxima de 3 mil hectares de lavouras.

O Conselho foi unânime em confirmar o crescimento da área plantada de cana-de-açúcar, aliado ao aumento da produtividade. Hoje, Uberaba tem 120 mil hectares de área plantada de cana, mais 20 mil em formação e produtividade, média, de 90 toneladas por hectare e pico de até 120 toneladas/h. O município segue liderando o ranking nacional de produção de cana-de-açúcar.