No próximo dia 3 de agosto, meu amor completará 66 anos.
Meia-meia mesmo! E haja tapa na “oreia”!
Mas, também, haja bênção divina, sem dúvida alguma!
Quando se chega a essa idade e se está quase realizado nos negócios, na família, e ainda existe ânimo para novos embates..., que presente divino!
Porém, o aniversário em si provoca certa nostalgia e inúmeras reflexões.
Uma urgência inexplicável de não sei o quê... Da falta de não sei quê.
Um tal de medir o tempo que passou e o que ainda falta para realizar... ou abandonar.
_ “Estou na fila. Mas, vou pra onde?”
Afinal, existe realmente alguém que esteja plenamente satisfeito com os rumos de sua existência?
Tento mudar o tom das confidências, ponderando que somos vitoriosos.
Conseguimos aprender a caminhar em meio à tempestade, a navegar em mares revoltos, sem perder totalmente o equilíbrio. A nos respeitarmos a ponto de nos completarmos...
_ “Sim, mas ando querendo menos turbulências por pelo menos uns dez anos”.
Calma aí, meu querido! Deixe pelo menos por cinco!
E além do mais esse papel não lhe pertence. Você nunca teve jeito e pendor para vãs filosofias.
Esse sempre foi meu papel na relação.
Levanta, sacode o ombro, estica a coluna e vamos comemorar.
Não te vejo diminuindo o ritmo. Você estará velhinho e sempre correndo atrás de algo.
É um bom homem, com uma saúde dos montes.
Obstinado, sedutor quando precisa, competente, determinado, irritante e machista...
Se está querendo dias de mesmice, vou te levar a um médico. Está doente ou então é a tal da andropausa que bateu forte.
E, se é andropausa, devo ficar alerta! Dizem que os homens nessa fase têm uma séria necessidade de aventuras diversas, de ciscar em novos terreiros, de explorar novas paragens...
Preste bem atenção! Não sou a tampa de sua panela, nem tampouco a metade de sua laranja. Sou inteira, coerente, independente e, além do mais, medito quase todos os dias! Coisa que te ajudaria muito, mas você se recusa.
Espera aí! Quem está ficando mais idoso é você. Acho que tive um pequeno surto de ciúmes e escorreguei na casca de banana, de novo.
Você tem que agradecer. É um vencedor em meio a tantas voltas que a vida já deu. E você jamais cedeu a alma a desvairos loucos. Te admiro ainda mais. Você ainda está inteiro e melhor.
É fato que um dia seremos fatalmente comida de vermes, mas, por enquanto, temos que brindar.
Mas, antes, atenda esse telefone tão insistente. Deve ser importante!
Reunião em São Paulo, novamente e no dia do seu aniversário!?
Vou junto... Melhor cuidar! Vai que é a danada da andropausa!
(*) Mãe de família