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Caminhos da Fé

Terezinha Hueb de Menezes
Publicado em 27/04/2014 às 09:36Atualizado em 19/12/2022 às 08:02
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Um dos membros da equipe com a qual eu tratava do linfoma chamou-me e à minha filha dizendo que gostariam que ouvíssemos uma segunda opinião sobre o meu cas e indicou uma equipe de São Paulo. Era uma quinta-feira à tarde: percebemos, no susto, que a iniciativa deveria ser urgente.

A equipe (Drs. Thiago Xavier, Ana Paula Vaz, Roberta Shcolnik, David Muniz e Gustavo Quirino), chefiada, atenta e competentemente, pelo médico Celso Arrais, estava a postos. Três de meus filhos me acompanhavam. Passei a ser examinada.

E algo inusitado e alentador aconteceu: ao me ajudar a descer da maca, vimos, ao mesmo tempo, Dra. Ana e eu, algo brilhando no chão. Uma pequena medalha prateada. Ela me pergunta se era minha. Não era. Disse-me, então, que poderia ser de algum paciente e se eu gostaria de ficar com ela. Passou-a às minhas mãos. Olhando atentamente, vi tratar-se da Medalha Milagrosa. E completei: “Ela está sempre comigo”. Criou-se entre médica e paciente um elo de fé: eu estaria protegida. A confiança tomou conta de mim.

Fui para o hospital. Aí, passei mal para valer. Quase na semiconsciência, vi, na UTI, meus filhos Fabiano e Fernando, de relance (haviam retornado a São Paulo). Três dias e três noites, ininterruptas, de diálise, com o olhar atento da equipe oncológica e da nefrologista Dra. Sílvia. Era preciso normalizar o metabolismo. Uma máscara, também ininterrupta, trabalhava para normalizar a falta de ar, arejando-me os pulmões. Foram nove dias de UTI (tive que retornar posteriormente) e minha filha rente comigo. De quase nada me lembro desse período. É ela, Maria Angélica, meu anjo da guarda, quem conta:

“Houve um distúrbio metabólico em que ocorreu uma acidose metabólica, com ureia, creatinina e ácido úrico bastante elevados, levando a um quadro de insuficiência renal aguda e insuficiência respiratória. A situação era difícil, com grande risco.

Não fosse a estrutura da UTI, juntamente com a competência da equipe médica, acho que seria difícil a recuperação desse quadro tão delicado. Ficamos todos nós, familiares, na agonia, de aguardar que os rins voltassem ao normal e que os pulmões respondessem bem ao tratamento.

Lembro-me da agonia de meus irmãos ao chegarem de madrugada e depararem com mamãe na UTI, sem saber ao certo o que estava acontecendo e o desdobramento de tudo. E, como disse o médico, a paciente ajudou muito, pela força, pela fé, pela perseverança e pela confiança. Sem questionar, sem blasfemar, sem reclamar. Ajudando como podia. Ainda na UTI, começamos a rezar, de mãos juntas, a novena da Medalha Milagrosa: eu lia e ela acompanhava, pois usava uma máscara respiratória. O pessoal da UTI já estava acostumado a chegar e nos pegar rezando com a imagem de Nossa Senhora sobre os aparelhos. E Ela é nosso alento, e assim mamãe segue seu tratamento, com fé e força, com as bênçãos de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, com o apoio e as orações da família, e dos amigos.

Nessas horas, percebemos, mais que nunca, a importância da família, dos amigos e de estarmos amparados por médicos humanos e competentes. Agradecemos a todos, que nos telefonam, que rezam e que nos dão força para superarmos as intercorrências que a vida nos impõe.

E não sou anjo, a senhora é nosso anjo. Somos, sim, privilegiados, pela convivência, pela oportunidade de aprender com a senhora, que mesmo nas dificuldades valoriza tudo e todos. A senhora é sem dúvida um exemplo de força, fé e de superação. Seu caminho é de amor. E quando se planta o amor, se colhe o amor. Por isso é tão amada, querida e admirada. E por isso seus filhos te amam e te admiram tanto.”

Ao Dr. Celso e sua equipe fica a nossa profunda gratidão, além das orações, para que possam continuar a maravilhosa missão de salvar vidas.

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