A vida é caminhada. Assemelha-se a uma partida que se inicia com destino certo. Saímos de um ponto, chegaremos a outro. Nascimento, trajetória...
A vida é caminhada. Assemelha-se a uma partida que se inicia com destino certo. Saímos de um ponto, chegaremos a outro. Nascimento, trajetória de vida, morte. Flor que desabrocha, plenifica-se, fenece.
Estranho pensar na caminhada existencial. Como loucos, corremos atrás de objetivos muitas vezes válidos, outras inúteis e outras tantas inatingíveis.
À nossa volta, muitos que chegam, muitos que passam, muitos que seguem, muitos que desanimam, muitos que param. “stop / a vida parou/ ou foi o automóvel?” (C.D.A.)
O valor da vida. Para uns, simples passagem. Meio para fins mais valiosos. Preparação para outra existência definitiva. Para outros – incautos –, fim em si mesma. O ser humano feito apenas matéria, absurdo ambulante no aqui e agora. O antes, o depois não interessam porque não existem. O aqui e agora.
Alguém resumiu a história da humanidade em quatro momentos: o homem nasce, vive, sofre e morre. Ninguém escapa dessas realidades. Todos nascemos, todos vivemos, todos sofremos, todos um dia morreremos.
Para os que cremos, no início de tudo, Deus; no fim de tudo, Deus. Cada um de nós, em seu projeto de criação. Ele, a verdade absoluta.
E nós, muitas vezes presos à nossa realidade, envoltos na bolha do egocentrismo, como se tudo girasse à nossa volta. Somos o miolo do universo. O eixo de um pião gigante que arrasta, em loucos rodopios, até mesmo aqueles que amamos. Em tal movimento, contraditoriamente, espirram para outros páramos, em sentidos opostos, aqueles que precisam de nós e os quais tantas vezes ignoramos.
“Não vale a caminhada do homem só.” Não vale viver como ilha sem mar à sua volta, como estrela isolada da constelação, como gota separada dos rios, como planta cercada apenas de pedras.
A caminhada existencial precisa ser passagem compartilhada; pão dividido; água repartida; esperança debulhada; fé despojada; amor irradiado.
Assim, os tentáculos da violência, ceifados pela justiça e pela prática do preceito maior – “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”, não mais poderão agredir o outro em sua integridade física, moral, espiritual; não mais farão inundar-se de lágrimas e tristeza tantos quantos percebem seus direitos agredidos, suas vidas ameaçadas, sua esperança estraçalhada.
“Não vale a caminhada do homem só.” É preciso moldar um novo homem. Uma nova mulher. É preciso que prevaleça a convivência pautada pelo entrelaçamento harmônico entre os seres humanos para que sua caminhada se faça em caminho que fortaleça, não apenas a própria vida, mas também a vida do irmão, a vida do outro.
(*) educadora do Colégio Nossa Senhora das Graças e membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro