ARTICULISTAS

Bênção ou castigo

Julgar é inerente ao ser humano

Marília Andrade Montes Cordeiro
Publicado em 14/06/2014 às 19:19Atualizado em 19/12/2022 às 07:19
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Julgar é inerente ao ser humano. Uma das primeiras habilidades psíquicas desenvolvidas pelo homem foi sua sutil capacidade de julgar. Normalmente, julgar ao próximo, e raramente a si mesmo.

“Atire a primeira pedra”, já dizia nosso mestre Jesus.

Ainda crianças, somos levados a comparar, e tal processo leva-nos fatalmente a julgar. Quando adultos, diante de alguma adversidade alheia, ouvi muitas vezes ao longo da vida: “Também mereceu ou fez por onde...”

Teve um enfarte? Vida desregrada. Muito Cialis.

O filho teve um acidente de carro? Coitados! Mas, também, o menino bebia demais. E droga?! Nem se fale!

Roubaram sua casa? Vivia esfregando seu poder na cara dos outros.

Perderam o bebê ou os bens? Mas aqui se faz, aqui se paga. O casal precisava acertar o rumo...

Sempre os outros! Como é difícil aprender a sentir os outros! E nessa pequena palavra repousa toda a diferença.

O sentir transcende o olhar, o ouvir e o achar...

Antes de incentivarmos as comparações, precisamos ensinar aos pequenos, e nos treinarmos, para desenvolvermos a sensibilidade. Para isso, temos que aprender a ver, e não apenas olhar, a escutar, e não apenas ouvir, a participar, e não apenas ser expectador... A acolher, e não apenas competir.

Acho mesmo que  estamos todos precisando de uma completa e total recauchutagem de ideais. Só assim, com muito esforço, disciplina e educação moral, tendo como base o respeito ao próximo, poderemos deixar o péssimo hábito de sermos inatos juízes alheios, e conseguiremos entender que, situações difíceis vivenciadas por todos nós, não devem ser avaliadas como bênção ou castigo divino. Nem tampouco qualquer sinal de que somos mais ou menos amados por Deus. Esses são apenas e simplesmente fatos que fazem parte de um processo evolutivo transitório. São a base da vida.

Indira Gandhi, (ex-primeira-ministra de Israel) uma vez disse: “É um privilégio ter vivido dias difíceis”. Compactuo com essa grande mulher essa lição de vida que ela tenha aprendido a duras penas.

E você, caro amigo, quando estiver passando por momentos de dor , seja de qual natureza ela for, ou quando vir alguém em tal situação, jamais questione ou julgue. Apenas peça a Deus que o acolha, para que tenha força para passar pela tempestade .

É válido sofrer, chorar, descabelar. É humano. Mas, no final do processo produza uma bela pérola. A ostra que não foi ferida jamais produzirá pérolas.

(*) Mãe de família

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