Autor de best-seller considerado louco
Deverei ocupar este espaço por mais quatro semanas, uma vez que devo estudar grave processo obsessivo descrito pelo próprio autor, num livro que se tornou best-seller, em 1908.
Deverei ocupar este espaço por mais quatro semanas, uma vez que devo estudar grave processo obsessivo descrito pelo próprio autor, num livro que se tornou best-seller, em 1908. No Anuário Espírita 2005, escrevi um extenso artigo, que se estendeu da página 180 à 199, tal a riqueza de informações contidas na obra UM ESPÍRITO QUE SE ACHOU A SI MESMO – AUTOBIOGRAFIA, de Clifford Whittingham Beers, que saiu nos Estados Unidos (A Mind That Found Itself – An autobiography), em 1908, recebendo edições sucessivas e traduções para diversos idiomas.
Percorri as 203 páginas da quinta edição da aludida obra, com bela tradução de Manuel Bandeira e Prefácio de Afrânio Peixoto (São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1967). Este livro, que me chegou às mãos, graças à gentileza do amigo Joaquim Alves – Jô (1911-1884), no ano de seu lançamento no Brasil, fez com que Dorothea Lynde Dix (1802-1887), neta do famoso médico de Boston, Elijah Dix, no Plano Espiritual, se alegrasse com o aparecimento de novos seguidores, os quais, entusiasmados, lhe ensejaram levar avante a sua missão, que tão bem desempenhou, de transformar os chamados asilos, em meados do século XIX — nada mais que depósitos de doentes mentais — trinta e dois ao todo, nos EUA, ao longo de sua vida, no que viriam a se chamar hospitais psiquiátricos, sofrendo acerbas críticas e perseguições, mormente quando teve a sua atenção voltada para os doentes mentais que se encontravam internados junto de criminosos de ambos os sexos, nas penitenciárias; salutar influência que beneficiou países como o Canadá e vários da Europa, conforme se depreende do breve trecho que se encontra na p. 171, Vol. XV, da Enciclopaedia Britannica, "Mental Health": tudo isto antes de se referir à grande contribuição de Sigmund Freud (1856-1939), Carl Gustav Jung (1875-1961) e Alfred Adler (1870-1937).
Clifford Whittingham Beer, um psicótico norte-americano recuperado — percebe-se —, um autêntico filantropo estaduninense, nasceu em New Haven, Connecticut, em 1876, e desencarnou em 1943, considerado o fundador do movimento de Higiene Mental, formado pela Sheffield School, Yale, onde criou um Comitê Internacional para a Higiene Mental, em 1919, e promoveu o primeiro Congresso Internacional de Higiene Mental, em Washington, em 1930.
No decorrer dos demais artigos, veremos que se trata de um caso de processo obsessivo, dos mais graves, estudado pelo Espiritismo, demonstrando o que Allan Kardec diz no Cap. XXIII de O Livro dos Médiuns, cujo primeiro parágrafo já conhecemos, e assim se expressa no segund "A obsessão apresenta caracteres diversos, que é preciso distinguir e que resultam do grau de constrangimento e da natureza dos efeitos que produz."
(*) clínico geral e psiquiatra