Eis como, em Um Espírito que se Achou a si Mesmo, de Clifford W. Beers, tomamos conhecimento de como o considerado louco pôde fazer a sua autobiografia:
Eis como, em Um Espírito que se Achou a si Mesmo, de Clifford W. Beers, tomamos conhecimento de como o considerado louco pôde fazer a sua autobiografia: "Esta história derivou de um documento humano como jamais existiu outro; e, por causa de sua natureza invulgar, talvez nada contribua tanto para o seu valor quanto a sua autenticidade. É uma autobiografia, e mais: em parte é uma biografia; pois, contando a história da minha vida, força é relatar a história de outro eu – um eu que dominou dos meus vinte e quatro aos meus vinte e seis anos. Durante esse período não fui o que tinha sido, nem o que tenho sido depois. A parte biográfica da minha autobiografia pode ser chamada a história de uma guerra civil mental, travada por mim, sozinho, num campo de batalha situado no recinto do meu crânio. Um exército da Loucura, composto dos pensamentos astutos e traiçoeiros de um inimigo desleal, assaltou-me com cruel persistência a consciência aturdida, e ter-me-ia destruído, se uma Razão triunfante não tivesse, afinal, interposto uma estratégia superior, que me salvou do meu eu inatural."
Com forte tendência suicida, surgiu nele esta pergunta crucial: "Para que fim terá sido a minha vida poupada? Foi a pergunta que fiz a mim mesmo, e este livro é, em parte, uma resposta." Quando criança, por ocasião de uma crise financeira enfrentada pela família, receou Beers que seu pai, "o homem mais otimista que jamais existiu, tentasse suicídio." Depois de relatar ter feito parte de um coral, chegou a brigar com um colega. "Na idade habitual, entrei para uma escola pública em New Haven, Connecticut, onde recebi o diploma em 1891." Em seguida, matriculou-se na High School, participou de várias atividades junto aos jovens, tocando violão e jogando tênis, não aceitando outra espécie de esporte.
"Em junho de 1894, recebi o diploma dos estudos secundários. Pouco depois, prestei exames de admissão em Yale, e em setembro seguinte entrei para a Sheffield Scientific School, seguindo um curso não técnico." Naquele mesmo mês e ano, que ele julga ter sido a causa direta do seu colapso mental; seis anos mais tarde, um irmão mais velho veio a ser acometido de crises convulsivas, que o levaram à desencarnação em 4/7/1900, após seis anos de padecimentos, em consequência de um tumor maligno no cérebro e não devido às crises que se assemelhavam à Epilepsia vera com ataques de Grande Mal, tendo aí iniciado a sua grande preocupação.
(*) clínico geral e psiquiatra
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