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Atenção ao pão

Dom Paulo Mendes Peixoto
Publicado em 30/07/2021 às 18:06Atualizado em 18/12/2022 às 15:11
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Não existe vida sem alimento. Podemos imaginar o quanto sofre quem vive nas condições reais de fome. Na palavra “pão” estão imaginados e contidos todos os alimentos que são necessários para a sobrevivência de algum ser, seja ele humano ou animal. Os vegetais também dependem do cuidado dado à terra, dos insumos e de água para que se desenvolvam, cresçam e produzam seus frutos.

Na palavra “pão” encontramos também a dimensão da Eucaristia, como um dos alimentos de vida eterna, o próprio Cristo Eucarístico, que sustenta a fé e a espiritualidade dos seguidores do Mestre Jesus. No caminho do deserto foi dado ao povo peregrino, que estava em direção à Terra Prometida, o maná como alimento (Ex 16,15), para sustento nos momentos difíceis da vida do seu povo.

O Brasil vive uma profunda crise de fome. São milhares de famílias sem alimento e sem o básico para a sobrevivência. Isso afeta as pessoas na sua identidade e dignidade e as impede de realizar seus objetivos, sua vocação, que é próprio de todo ser humano. A falta de alimento desorganiza a vida dos indivíduos e que ficam sem forças, sem estímulo e sem esperança para lutar.

No empenho pela vida, a experiência na prática da fé pode ser um caminho renovador de coragem para encontrar novas saídas. As pessoas são muito criativas e dotadas de dons divinos para agir, mas dependem de condições favoráveis para colocar suas virtudes em ação. Não basta querer agir se não existem verdadeiras políticas públicas de sustentação de quem luta abrindo caminhos na vida.

Por ter multiplicado pães e peixes, dando de comer a muita gente, Jesus era seguido por grandes multidões, porque viam nele uma esperança, o sinal de uma possibilidade de vida. As pessoas não entendiam o proceder de Jesus quando realizava esses milagres, como da multiplicação dos pães. Era uma forma de mostrar o poder de Deus e provocar no povo uma atitude concreta de fé.

O pão da vida é o próprio Cristo. A Eucaristia não é igual a um alimento passageiro, como acontecia com o maná no deserto. Cristo é o novo maná, como ele mesmo diz: “Eu sou o pão da vida” (Jo 6,35), que não alimenta só o corpo físico, mas é sustentação de vida eterna, que possibilita a pessoa a dar passos na sua dimensão espiritual, de encontro pessoal com Deus. Valorizemos a Eucaristia.

Dom Paulo Mendes Peixoto

Arcebispo de Uberaba

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