Quisera eu estar escrevendo este texto para qualquer dia do ano, não para um dia específico...
Quisera eu estar escrevendo este texto para qualquer dia do ano, não para um dia específico, predeterminado, de “comemoração”. Isto pressupõe discriminação, porque, por vezes, a discriminação é marcada por um dia de libertação. De qualquer forma, isto mexe comigo...
Uma mulher escrever sobre a mulher é sempre muito delicado e exige o cuidado para não parecer autoengrandecimento! Mas me afastar da condição feminina para escrever, impossível seria.
Então, a solução que encontrei foi me inspirar nas mulheres que me rodeiam, e claro, a primeira visão foi a de minha mãe e outras mulheres que admiro... Enfim, nas mulheres que existem e que são externas a mim!
O primeiro pensamento que me vem é saber qual o direito da mulher? Teria ela algum direito igual ao homem, além do homem, menos que o homem, existiria direito que a diferenciaria?
Não podemos negar que antes da Constituição de 1988 a mulher teria, sim, menos direito que o homem, mas como não vem ao caso trazer aqui a história da evolução dos direitos femininos, busco então saber quais são os direitos da mulher hoje. Quais? Estariam estes direitos apenas nas leis? Seriam estes direitos baseados na diferença fisiológica existente entre o homem e a mulher? Qual outro dado poderia ter relevância para diferenciar tais direitos?
Quando falo em direito, não excluo as obrigações que lhe são inerentes. A cada sujeito de direito feminino corresponde um sujeito de obrigação feminina ou, quiçá, masculina.
A mulher que me inspira é a mulher forte, mas terna. Decidida, mas que aceita ingerências. Inteligente, mas não menospreza o conhecimento do outro, pois isto seria uma enorme tolice! Guerreira e ao mesmo tempo pacificadora. Materna e paterna também! Que amamenta e tem fome. Anjo e demônio. Crente, mas levemente desconfiada. Uma dualidade sem incoerência!
Esta é a mulher que enxergo nas que me rodeiam.
Mulher é amor, pois não estaria a natureza enganada quando lhe presenteou com a maternidade. Carregar uma Vida até que ela esteja pronta para o mundo aqui fora é uma benção que à mulher foi conferida.
Mas retornando aos direitos...
Quais seriam os conferidos às mulheres? É uma questão que não atormenta só a versão feminina do ser humano.
Estariam hoje em dia todos os direitos já normatizados? Estariam sendo respeitados?
Enfim, são perguntas que desafiam respostas cuidadosas para não caracterizar qualquer movimento ou bandeira, todavia, penso que o mais importante não é esta discussão que pode permear entre o machismo e o feminismo.
Devemos pensar grande, pensar além desta dualidade. Porque para levar a cabo qualquer transformação necessária é imprescindível conquistar um dos mais importantes direitos, o direito de se tornar inteligente.
Pois este sim é revolucionário e funcionará como um antídoto para as possíveis incapacidades, algumas vezes a nós atribuídas, erroneamente.
Mônica Cecilio Rodrigues
Advogada e professora universitária