Desde criança ouço dizer que “de santo, poeta e louco cada um tem um pouco”. Os totalmente loucos não são tantos
Desde criança ouço dizer que “de santo, poeta e louco cada um tem um pouco”.
Os totalmente loucos não são tantos, mas em “fronteiriços” tropeçamos com frequência.
Por uma questão de delicadeza, nós os chamamos de sistemáticos. Há um termo mais forte quando apelamos para o “maníaco”, mas aí já é ofensivo.
Os sistemáticos são assim chamados porque têm um sistema de vida do qual não se libertam. Esse peculiar sistema de vida são as manias de cada um de nós. Todos nós somos sistemáticos, uns mais, outros menos. No fundo, são esquisitices que chamam a atenção ou provocam risos.
A História está cheia de maníacos famosos. São centenas. Luiz XIV era um deles. Não tomava banho nunca. Dizia que a água abre os poros da pele e por ali entram os miasmas das pestes. Devia ter um perfume de provocar vômitos, mas era rei... A seu lado, assim mostram as pinturas, há sempre dois fâmulos com leques enormes, usados mesmo em tempo de frio. Não era luxo, era mau cheiro mesmo.
Cleópatra só tomava banho em leite de cabra. Era feia, dos efeitos do leite cru nunca soube, sei apenas que conquistou dois imperadores. Jânio Quadros gostava de falar empolado. Perguntado por que fizera tal tipo de pergunta a um magistrado, respondeu: “Fi-lo porque qui-lo”. Nem os papas escaparam dessas maluquices. Leão X ficou famoso. Tinha mania de dar gigantescos banquetes aos seus amigos. Com isso e mais alguma coisa estourou as finanças do Vaticano. Tinha paixão por elefantes. Para agradá-lo e conseguir favores (político não é bobo), o Rei Manuel enviou-lhe um filhote de elefante branco. Chegou a Roma precedido por enorme desfile da fina flor romana. Recebeu o nome de Anone. Tinha várias regalias, inclusive médico particular. Tomava parte em lugar de honra nas cerimônias papais. Morreu jovem. Houve luto oficial e foi-lhe construído um túmulo de fino mármore. Felizmente outro papa mandou destruí-lo.
Mas, não é sobre os nobres que eu gostaria de escrever. Na semana passada, os jornais comentaram uma declaração de um famoso “futboler” (como dizia o querido e saudoso comentarista Netinho) de nome internacional, treinador da seleção argentina, o Maradona. Diego Maradona, o “Dieguito”. O próprio. Segundo ele, já marcou gol com a mão de Deus, é melhor do que Pelé e outras idiotices. Diz a notícia que Maradona fez uma série de exigências ao Hotel onde vai hospedar-se na África do Sul. Exigiu um vaso sanitário (preço orçado em dois mil dólares) com algumas particularidades. É um “troninho” digno para um rei tão famoso. O “vaso” deve possuir “sprays” de três diferentes velocidades, controlador do jato de água quente e secador automático. Avisou também que, se ganhar a copa, vai dar uma volta na principal praça de Buenos Aires, vestido como nasceu.
É claro que nenhum de nós tem mania de tal envergadura. Mas, é bom que nos cuidemos de nosso modo de ser. Podemos, sem perceber, adquirir certas manias e tipos de comportamento que podem nos tornar objetos de comentários e risos.
Quando o sistemático é rico, mania leva o nome de idiossincrasia. Agora, quando é pobre, não passa de um biruta ou doidão. Seja como for, faça vez por outra, uma revisão de vida. Ajuda.