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As insatisfações populares e a responsabilidade econômica

Os recentes manifestos de insatisfação popular nas ruas do País permitem que pensemos o quão profundas deverão ser as mudanças políticas, econômicas e sociais para os próximos anos

Sérgio Martins
Publicado em 08/07/2013 às 09:28Atualizado em 19/12/2022 às 12:06
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Os recentes manifestos de insatisfação popular nas ruas do País permitem que pensemos o quão profundas deverão ser as mudanças políticas, econômicas e sociais para os próximos anos. Quem imaginava que estes eventos pudessem acontecer de forma tão rápida e disseminada? É fato que os estudantes sempre foram os primeiros e principais atores da maioria das mudanças políticas mais significativas do Brasil nos últimos anos. Ao que tudo indica, teremos novamente o apelo popular manifestado pela juventude estudantil.

As reclamações, entretanto, têm focos abertos e múltiplos e abrangem um sem número de problemas, que vão do transporte coletivo urbano até a corrupção, tema de difícil compreensão em sua dimensão prática quanto ao comportamento de quem corrompe e de quem é corrompido.

Assim, como os protestos populares tendem a se expandir para um enorme conjunto de temas, é possível prever certo esvaziamento do número de pessoas reivindicantes porque não há um desafio específico nem liderança que esteja conseguindo aglutinar os objetivos de cada assunto.

Entretanto, Governo e Congresso têm se sentido incomodados com os desdobramentos de um movimento que parecia não ter continuidade. Foi com este incômodo que se inicia um processo de aprovação de medidas, algumas populistas, com o propósito de dar respostas aos gritos das ruas. Isso tem ocorrido sem a menor preocupação com o planejamento orçamentário. Questões como desonerações de impostos, subsídios, gastos e outros compromissos de receitas futuras, de questionável alcance.

Ademais, é preciso lembrar que durante muitos anos, os governantes foram ocupando perversos espaços políticos que resultaram em brutais déficits no Balanço de Pagamentos, especialmente financiando déficits em conta corrente. Isso é resultado do aumento do gasto público desmensurado para atender o clientelismo de aliados. Para um exemplo, há, no mínimo, três décadas de crescente aumento dos chamados cargos de confiança usados para abrigar apoiadores de plantão.

É uma necessidade urgente continuar com a pressão ordeira das ruas, agora com focos direcionados, obrigando legisladores e governantes a apresentarem propostas práticas e de rápida implementação que, na maioria das vezes, são simples porque são essenciais e urgentes. A discussão em torno dos gastos com os eventos esportivos requer que saibamos de seu número aproximad somente a organização da Copa de 2014 já custa ao Brasil em torno de R$ 28 bilhões, conforme dados do Ministério dos Esportes. Contudo, a previsão dos investimentos pode chegar aos R$ 33 bilhões.

Desta forma, se fossem aplicados estes recursos apenas em transporte de metrô, cada quilômetro, que custa R$ 200 milhões, daria para fazer 165 quilômetros. O mesmo raciocínio se aplica à construção de novos hospitais e novas escolas ou mesmo a recuperação dos atuais, cujas condições são vergonhosamente conhecidas por brasileiros e pelo mundo afora.

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