Tragédia, guerra, doença, separação afetiva, perda de ente querido, entre outros, são motivos para a presença do sofrimento, porém, aqui, irei me ater à dor advinda da ilusão! Fruto da lembrança de fato ocorrido em vida passada, como acreditam os espiritualistas, ou na atual, a ilusão se manifesta pela criação mental – imaginação ou sentimental – dor. O indivíduo, diante da carência afetiva, por exemplo, busca suprir a falta de alguém pela preferência ao que fere os sentidos materiais. Difícil compreender a sua causa, que pode ser real ou simples conjectura!
Em determinado momento, um gesto ou uma palavra pode gerar um vínculo a algo presente no subconsciente, que está por baixo do tapete da compreensão atual e que precisa ser preparado ou reparado. Cria-se falso link que transfere a fantasia criada para suprir a dor recalcada nos meandros desse labirinto. Ou seja, algo que ficou mal resolvido ou não concretizado poderá, instantaneamente, ser substituído por uma situação ilusória que, se não combatida, ganha força de existência real. Há que se ter coragem para enxergar a realidade, perceber esta transferência indevida – motivo de dor, entender o caos e soltar as hipóteses. Libertar-se da ilusão para, novamente, encontrar o bem-estar, também exige paciência e tolerância.
Batalhas difíceis são travadas no mundo íntimo do ser humano, entre a parte iluminada e a “sombra”, em busca do amar a si mesmo e interpretações errôneas dos sentidos palpáveis e da mente podem surgir na tentativa de se enganar. Resultante de conflito, a culpa pode surgir decorrente da percepção do mal e, consequentemente, instaura-se a dor até a reparação. Este estágio poderá ter a duração diminuída em caso de exercício da empatia quando se tratar de relacionamentos pessoais ou em caso de perdão a si mesmo.
Enfim, qual a solução cabível diante dessas patologias, além dos caminhos da revolta, do crescimento pela superação das condições adversas ou da inversão da dor em amor pela mudança de sintonia?
Quanto ao sofrimento individual (moral, social, orgânico), em decorrência da presença material da miséria humana, das enfermidades, da fome, dos acidentes catastróficos como ocorre, neste momento, no Estado do Rio Grande do Sul, qual o motivo real além das aparentes causas?
Para os espiritistas, diante da escala de classificação dos mundos, a Terra é planeta de provações e o Homem manifesta a natureza pecadora perante sua consciência divina. Por outro prisma, segundo o renomado escritor francês do movimento literário Naturalismo - Émile Zola (1840 – 1902), tem-se a compreensão de que a formação da personalidade individual é influenciada por hereditariedade, meio no qual está inserida e contexto histórico em que se vive, e que “o sofrimento é o melhor remédio para acordar o espírito”.
Profa. Dra. Vania Fonseca
Bióloga e Pedagoga
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