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O Nada - Uma meditação sobre a substância do universo

Tharsis Bastos
Publicado em 02/07/2025 às 18:07
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Desde a juventude, sempre me intrigou a existência do “nada”. Aquela sensação de vazio entre as coisas — o escuro silencioso entre as estrelas, os espaços invisíveis entre átomos. O que seria essa ausência que permeia tudo e, paradoxalmente, parece tão presente?

Com o passar dos anos, a imagem do “nada” foi se transformando em meu pensamento. Se antes eu o via como separador, um intervalo entre corpos e formas, passei a imaginá-lo como aquilo que une — uma espécie de cola invisível que confere estabilidade ao que existe, que torna possível o movimento, que sustenta o que chamamos de realidade.

Hoje, já na maturidade da vida, essa imagem se enriqueceu com algo ainda mais profundo: e se esse “nada” que tanto me intrigava for, na verdade, uma substância imensamente generosa e fundamental — o Amor?

Sim, Amor com A maiúsculo. Não aquele sentimento efêmero e volátil que tantas vezes associamos a experiências humanas, mas um Amor primordial: o plasma universal que une as coisas, que vibra no espaço entre o ser e o não-ser, que embala a existência em silêncio.

E, ao considerar esse “nada” como Amor consubstanciado, a própria ideia da morte se transforma.

Não se trata mais de cair no vazio como ausência, mas de regressar ao vazio como origem. Um vazio pleno, fértil, acolhedor — matriz silenciosa de onde brotam todas as formas e para onde todas retornam. Morrer, assim, seria partir para esse “vazio” que é tudo: um oceano infinito feito de Amor, onde o tempo deixa de ter pressa, onde as fronteiras se dissolvem, onde o ser reencontra sua essência sem nome.

Não mais ruptura, mas regresso. Não mais escuridão, mas uma espécie de luminosidade serena que acolhe sem julgar. Como se a existência inteira fosse um breve afastar-se, e a morte, o instante do reencontro com a casa de origem — esse Nada que é Deus, esse Deus que é Tudo.

Passei a ver Deus, então, como esse Nada imenso e amoroso. Como o espaço que permite todas as formas e, ao mesmo tempo, as abraça quando elas se desfazem. Essa visão não busca impor respostas, mas oferecer uma imagem possível: a de que mesmo o aparente vazio está pleno de sentido — e que talvez, no fim das contas, nunca estivemos sozinhos.

Pensando assim, assumindo este raciocínio, começamos a entender palavras antigas, milenares, como, por exemplo: “Deus é Amor”. Passamos a compreender com mais clareza a visão de Cristo, que nos ensinava a orar sem necessidade de templos — pois, mesmo no silêncio de um quarto, Deus nos ouve.

E mais ainda: ao refletirmos sobre nosso próprio corpo, cheio de espaços, de “nadas” entre os átomos, podemos enfim entender por que Deus está em nós e nós estamos Nele. Não em metáfora, mas em substância.

Te faço então um convite — não para acreditar, mas para sentir: deixe-se envolver por esse “Nada”. Permita-se perceber essa amalgama em sua plenitude e, na paz profunda de quem O reconhece, fale com seu Criador. Sem medo, sem ritual. Apenas com a presença.

Peça — e será atendido.

Bata — e a porta se abrirá.

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