Nas últimas semanas, a Câmara Municipal de Uberaba, como de costume, aprovou uma série de nomes para novos logradouros da cidade. Você já se perguntou quem foi a pessoa ou a história que o seu endereço carrega? A rua que dá título a esse texto ainda não possui moradores, mas, há 32 anos, algo dela habita em mim. Tarley Rosa da Silva nasceu em Campos Altos, Minas Gerais, e se mudou para Uberaba ainda criança, com os pais trabalhadores rurais e os sete irmãos. Enquanto estudava, fez parte da Guarda Mirim por alguns anos até conseguir o primeiro emprego, atuando então como bancário por décadas. Depois, seguiu a carreira profissional no comércio. Comunicativo, estava sempre ladeado de amigos, principalmente por conta do futebol, que jogava, aos domingos, no campo do Atlético e do Madureira. Era devoto de Nossa Senhora da Abadia e participou, por longos anos, da Romaria do Paizinho. Tinha o sonho de ser advogado, mas nunca o realizou. Formou-se Técnico em Contabilidade. Foi casado com a Sandra por 31 anos e teve dois filhos: Marina e… Vinícius, esse mesmo que vos escreve. Meu pai faleceu, infelizmente e precocemente, em 2021, aos 58 anos de idade. Tinha verdadeira adoração por Uberaba e nunca se imaginou vivendo em outro lugar. O desejo do meu pai de permanecer aqui para sempre, agora, será de certa forma realizado, porque um homem só morre quando deixa de ser lembrado. E isso nunca vai acontecer, pai. As pessoas continuarão falando, lendo e escrevendo o seu nome e, quando curiosas, até conhecendo um pouco sobre a sua história, que seja por essa página de jornal que, se bem conservada, pode perpetuar por longos anos sua memória. Meu pai guardava todos os meus escritos, como esse, em uma pasta plastificada. Tornou-se um entusiasta da minha profissão quando viu minhas primeiras palavras ganharem vida em um jornal impresso. Essa página não poderá ser recortada por ele. Mas, com certeza, enquanto você a lê, isso já foi feito por mim. É que, agora, eu me tornei um entusiasta em mantê-lo vivo, seja por uma placa na cidade ou aqui no papel. Não precisaria escrever, mas é sempre bom lembrar: pai, no meu coração, você sempre foi um morador cativo, dono de todas as ruas que atravessam o que sou hoje.
Vinícius Silva
Uberabense, jornalista e um apaixonado pela arte de ouvir e contar histórias (@mealugoparaouvirhistorias)