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O reverso da caridade

Ricardo Cavalcante Motta
Publicado em 31/01/2025 às 19:14
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A caridade é dos atos mais gratificantes que podemos praticar. É de fato uma vereda de dupla via que tanto beneficia o destinatário quanto ao praticante da caridade pelo reflexo gratificante. Mas, convenhamos, o caridoso se situa numa posição confortável de quem está em condições de doar. O beneficiário, no lado oposto, o de quem aceita o ato misericordioso.

Esta situação não é tão cômoda assim, seja pelo fato da necessidade, seja pelo contexto de se precisar receber uma benesse alheia, aparente generosa. Porque, não sejamos inocentes, há os que praticam caridade por aplausos, reconhecimento. Ao mesmo tempo que o beneficiado eventualmente a acolhe amargurado pela conjuntura, ante a feição de inferioridade, mesmo que relativa. É o reverso da caridade. Há muitos dentre nós que se enobrecem por praticar caridade, mas que não teriam a humildade para superar o orgulho de precisar ser destinatário desta. 

Há pessoas que se dispõem empurrar a cadeira de rodas... mas não engolem o inverso, se eventualmente precisarem que empurrem a sua. Tomados pelo orgulho íntimo, amargam ódio por isso. Enfim, o reverso da caridade pode macular os envolvidos se no âmago do ato não esteja de verdade a pureza do Amor divino estimulado por Cristo. Senão há mera troca humana material. Sem compaixão fraterna sincera, não há caridade verdadeira; sem humildade, não há gratidão sincera. Imperfeitos que somos, diante da proposta de evolução eterna, temos que nos policiar para sabermos praticar ou receber a caridade com o verdadeiro Amor. Somente assim seu efeito terá repercussão celestial.

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