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Vocês estão preparados?

Renato Muniz
Publicado em 14/04/2025 às 19:19
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Quando eu era menino, vivi uma grande batalha, entre as inúmeras que estavam ocorrendo e outras que viriam depois. Vou chamar de batalha da música. Melhor dizendo: de estilos musicais. Anos 1960, tempos de efervescência cultural e política, de luta contra a censura, contra o conservadorismo e contra a guerra. No caso, contra a guerra do Vietnã. E luta entre gerações, os mais velhos contra os mais novos. Acho que minha geração nunca conheceu um instante de paz, de sossego — se é que outras conheceram.

Para ficar no terreno musical, cito de memória — e a memória falha — Elvis Presley e Chuck Berry na linha de frente. Em termos mundiais, vivíamos a transição entre o antigo e o novo, o novo era o rock and roll. Artistas transformavam-se em unanimidade entre os adolescentes. Posteriormente, ficou patente o esforço da propaganda norte-americana para impulsionar novos estilos musicais e toda a parafernália que vinha junto. Subindo na carreira artística, estavam os “contestadores do sistema”, como Joan Baez, Bob Dylan e os Beatles. Sim, a primeira aparição do genial conjunto inglês foi em 1960.

O rock já vinha conquistando corações e mentes desde os anos 1950, embora fosse criticado pelos conservadores em todo o mundo. Não quero resumir o panorama musical a esses gêneros, mas o olho do furacão estava aí.

Não pensem que eu só tinha olhos e ouvidos para a música estrangeira. No Brasil, vivíamos um período de entusiasmo e alvoroço. Foi um momento extremamente rico em termos musicais. O samba, a bossa nova, a música caipira, o baião e outras expressões regionais movimentavam o cenário e disputavam a atenção dos jovens e dos mais velhos. Daqui a pouco, viria a era dos grandes festivais da música popular brasileira, despontando nomes como Elis Regina, Chico Buarque, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Edu Lobo, Sérgio Ricardo e Geraldo Vandré entre outros. Impossível citar todos de memória. Mas o rock não demorou a assumir lugar de destaque. Em 1967, Caetano Veloso usou a guitarra elétrica na música “Alegria, Alegria”, causando abalos sísmicos entre os tradicionalistas. Era o Tropicalismo que avançava, disputando espaço com a Jovem Guarda, do Roberto Carlos, do Erasmo, da Wanderléia e outros, mais tarde relacionados ao “rock brasileiro”.

Para encurtar a história, que esta não é uma crônica sobre música, o rock veio com tudo e dominou o cenário musical até topar de frente com o sertanejo, a partir da década de 1990. Estes se diziam herdeiros da música caipira, chamada também de “raiz”, mas sua inspiração vinha do “country” norte-americano. Estratégias de marketing e associação com um novo formato de shows fizeram o sertanejo assumir a liderança.

E agora? Está passando da hora de renovar. O que há de novo? Se os anos 1960 foram os anos do rock, catapultado pela indústria cultural norte-americana, a década musical de 2020 terá quais características? Vocês conhecem a música chinesa?

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