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Catsaridafobia

Renato Muniz Barretto de Carvalho
Publicado em 09/11/2022 às 18:26Atualizado em 15/12/2022 às 23:32
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Se você tem medo de baratas, não leia este texto. O fato é que elas estão aumentando, mas não tenho intenção de apavorar ninguém. Uma das explicações refere-se ao uso indiscriminado e crescente de inseticidas para combatê-las, o que tem contribuído para os casos, relatados pela ciência, de aumento da resistência desses insetos. Eu tenho outras teorias, mas não sou entomologista, apenas um curioso, observador dos hábitos barateiros e de outros seres parecidos.

Não pretendo fazer terrorismo, mas já ouvi dizer que, no caso de uma guerra nuclear devastadora, só as baratas sobreviverão — não sei se li isso num grupo de zap ou numa revistinha de palavras cruzadas. A propósit até onde o conhecimento alcança, baratas ainda não frequentam grupos de família nem se divertem tentando descobrir o significado de palavras pouco usadas na língua portuguesa.

Baratas são cosmopolitas, estão no mundo inteiro, assim como os pombos, os ratos e os inconvenientes, os chatos, os que acham que entendem de tudo e de mais um pouco. Cada um deles vai acarretar, a seu modo, problemas de saúde pública. Aliás, as baratas e os ignorantes se caracterizam pela casca dura que ostentam no alto da sua pretensa superioridade. Baratas transmitem inúmeras doenças e o fazem pelo contato de suas patas com os alimentos e pelas fezes que deixam. Não são nada recomendáveis devido aos lugares que frequentam: esgoto, latas de lixo, locais sujos e insalubres. Neste aspecto, não se diferenciam muito de certos humanos, mesmo os que receberam educação refinada.

Baratas têm inimigos naturais — lagartixas, formigas, aranhas e escorpiões —, mas possuem uma capacidade incrível de se esconder e de ficarem quietas por dias, talvez meses, inclusive sem comer ou beber água. Elas gostam de lugares quentes, escuros, sossegados. É muito comum vê-las escondidas entre as folhas dos velhos jornalões impressos. Ainda não se acostumaram com a vida digital, com os celulares e computadores, mas acho que é questão de tempo. Aí, coitados de nós! Embora eu não seja um desses que morrem de medo de baratas, não gosto delas devido ao seu horrível hábito de roer livros. Falou em estragar ou desprezar livros, já não é comigo.

Um problema grave relacionado a elas é o psicológico, é o medo que provocam nas pessoas. Para uns, elas são repugnantes, dão nojo, sensações às vezes inexplicáveis, considerando seu tamanho e o dos seres humanos — sem contar a nossa capacidade intelectual e técnica de manejar vassouras, chinelos, armas químicas e teorias avançadas. É verdade que em alguns países elas são bem-vistas, há até certo carinho para com elas. Alguns povos se alimentam delas, mas é melhor não entrar em detalhes para não causar náuseas nem entusiasmos. Por fim, dizem que as baratas têm uma importância fundamental ao se alimentarem de detritos, de matéria orgânica em decomposição, isto é, de lixo. Mas não vamos espalhar lixo por aí, não é mesmo?

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