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Pagode – voltou e venceu

Osmar Baroni
Publicado em 22/09/2022 às 19:09Atualizado em 17/12/2022 às 22:14
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O conteúdo é nosso, porém a nomenclatura, segundo o Aurélio, vem do sânscrito (língua arcaica da Índia, que designa certos templos asiáticos ou o ídolo adorado nesses templos). Em alguns dicionários também pode ser encontrado o sentido de: divertimento, pândega, mangação, zombaria, entre outros. Mario de Andrade cita os seguintes versos de Catulo da Paixão Cearense, publicados em 1918: “O pagode, a festa, o samba/Era im casa dum roceiro/ De nome: Antônio Truamba”.

Essa utilização da palavra aparece também em canções posteriores, com “No pagode do Vavá”, de Paulinho da Viola, registrada em 1972; “Domingo lá na casa do Vavá/Teve um tremendo pagode/Que você não pode imaginar”.

Teorias à parte, a história do pagode corre ao lado do samba. Não custa nada lembrar que há mais de vinte anos pagode significava uma festa com exagerado ingrediente como bebida, dança e música, essa tradicionalmente sempre presente através do samba, sendo a palavra pagode profundamente identificada com este ritmo. Acredito que somente os pagodeiros, os sambistas e alguns outros atentos à marcação e à narrativa conseguem distinguir o pagode do samba, que na verdade em certos momentos são indiferenciáveis. Vale destacar que o “samba coletivo”, aquele com muita percussão, refrões em coro e estrofes improvisadas, também chamado de “partido-alto”, tenha nos pagodes do Rio de Janeiro seu lugar privilegiado. Entre amigos, ficam à vontade para improvisar rimas na hora sem “deixar o samba cair”.

Quando criança, até a adolescência, meus sentidos estavam voltados aos acontecimentos rádio-musicais e/ou reuniões no bar do “Senhor Otávio”, local reservado para os jogadores do futebol varzeano São Cristóvão, onde após cada partida rolava o maior pagode, não obstante proibido para crianças e adolescentes. Era preciso esticar a cabeça para visualizar o banjo do Teté, o cavaquinho do Dodô e, principalmente, o pandeiro do Nardinho. Esse grupo dava a mesma ostentação melódica nos shows que a paróquia da igreja São José realizava, local que, com dona Ernesta, eu frequentava e ao mesmo tempo curtia a música. No rádio, a Nacional se equiparava com a TV Globo hoje. Os cantores Francisco Alves, Jorge Veiga, Orlando Silva, Silvio Caldas, Araci de Almeida, entre outros, eram acompanhados por conjuntos regionais famosos: Dante Santoro, Jacob do Bandolim, Rago e seu regional exibiam os melhores músicos, portanto bem remunerados...

Voltando ao pagode!!!, aqui em Uberaba dois grandes grupos defendem a hegemonia do estil “Samba é a nossa cara” e o grupo “Entre Amigos”, enquanto no Brasil e para o mundo o trono pertence a Zeca Pagodinho.

(Fonte/ CDTeca Folha da Música Brasileira 3)

Osmar Baroni

Titular da Academia de Letras do Triângulo Mineiro

chorocultura@yahoo.com.br

 

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