Eclesiastes 1-2 – Vaidade das vaidades! Tudo é vaidade, já estava assim definido no Antigo Testamento. E nós, como nos encontramos ou sentimos em relação a isso? Somos também vaidosos, fingimos ser vaidosos ou apenas não nos sentimos vaidosos?
Esta é uma reflexão bem pertinente nos tempos atuais, onde o narcisismo impera nas redes sociais.
O próprio Cristo, em sua breve passagem entre nós, referia-se a ela em dois pontos: sobre dizermos o que ele não falou, sendo isso uma adivinhação mentirosa, e o sentimento de inveja, que nutrimos uns pelos outros, quando percebemos que o trabalho e destreza de uns traz ao homem a inveja do seu próximo.
Também isso é vaidade e aflição de espírito. Temos essas situações no nosso cotidiano?
Lembrando que, sobre esse tema, já se pronunciaram personagens da história de todos os tempos, como o rei Salomão, que, por um tempo do seu reinado, deixou de temer ao Criador. E nós, por onde andamos hoje?
Nessa mesma vertente, Michel Foucault, filósofo francês, falecido em 1984, foi um pensador que se debruçou sobre a problemática da vaidade e a crítica aos limites e possibilidades do sujeito de conhecimento. Ele não se limitou a estudar o poder, mas também propôs uma nova política da verdade que permeasse a prática, a militância política e a produção do conhecimento, como escrevem seus estudiosos. Aqui resta clara a ligação entre estruturas de poder, ignorância crônica e o campo vasto para proliferar vaidades.
O também escritor francês Gustave Flaubert tratou do tema ao considerar a consciência como uma “vaidade interior”, ao se declarar convicto de que “a vaidade é a base de tudo, e, no fim das contas, o que chamamos de consciência é apenas a vaidade interior”. Ele retrata uma sociedade adoecida e sem rumo (crítica à sociedade burguesa e à sociedade de consumo) em seu romance Madame Bovary. Vale a leitura!
Mark Twain, escritor americano, falecido em 1910, afirmava que “não há graus de vaidade, apenas graus de habilidade em disfarçá-la”. E poderíamos citar várias outras afirmações, que vão de Friedrich Nietzsche – “A vaidade dos outros só vai contra o nosso gosto quando vai contra a nossa vaidade”.
E temos Machado de Assis e sua célebre frase: “A vaidade é um princípio de corrupção”. E fica novamente a reflexão sobre nossos sombrios tempos atuais.
Leandro Karnal, filósofo e professor dos nossos dias, trata da origem da vaidade como espelho que contém o diabo da imagem. Ele prega a humildade como remédio contra a vaidade.
Enfim, tudo posto, devemos lutar diariamente contra a vaidade, pelo excesso de riquezas sem origem, pela busca desmesurada pela beleza, seja pela comparação com o outro, evitando comparações e deixando de viver pelos outros, e sim por nós. Evitar inveja e vaidade é muito saudável.
E viva a vida que te cabe, buscando por você seus sonhos e melhores caminhos. Viver pleno e não representar para parecer o que não é.
E viva sua vida plena!