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Paixão de Cristo e papa Francisco

Karim Abud Mauad
Publicado em 24/04/2025 às 19:01
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No momento final dos feriados da Sexta-feira Santa e de Tiradentes, acordamos com a notícia do falecimento do papa Francisco.

Um papa que fez toda a diferença pela simplicidade, humildade e o cuidado com o ser humano. O que deveria ser regra foi uma espetacular surpresa positiva. Um pastor perto do seu rebanho.

Primeiro papa latino-americano e o 266º a ocupar o trono de Pedro fez valer, em sua forma mais primitiva, os ensinamentos do Pai, representado aqui por seu filho Jesus, crucificado pelos homens daquela época — e ainda também por muitos seres de hoje.

Coincidentemente, em março deste ano, passamos pela catedral de Buenos Aires, onde foi arcebispo, e muito de sua história religiosa estava lá retratado.

Apesar de sua paixão pela Argentina, não voltou ao país durante seu papado, por divergências com as autoridades máximas da sua pátria. Preservou o rebanho.

Esteve no Brasil e encantou a todos, tanto quem o viu pela TV e quanto quem passou pelo seu caminho. Nunca me esqueço da cena do seu carro se perdendo no trajeto oficial no Rio de Janeiro e ele dando bênçãos, afagos e sorrisos a todos ao seu redor. Foi papa para ser tocado, e não só para ser visto ou ouvido, como seus antecessores recentes.

E foi assim até o final, mesmo convalescendo dos problemas respiratórios que culminaram na sua morte nesse 21/04/2025. Ainda assim, esteve com os fiéis no domingo (20), por mais de 15 minutos. Um homem que sabia da importância de estar junto com os cristãos católicos.

Lendo sobre o seu funeral, a marca da simplicidade persiste. Ele reduziu ritos, minimizou luxos em caixões e nomeou arcebispos em vários países, pela primeira vez na história do catolicismo, levando fé e esperança a todos. Estes mesmos que irão juntar-se aos outros, com menos de 80 anos, e que escolherão seu sucessor.

A Igreja, com certeza, vive um dilema. Francisco, ao seu modo, tentou trazer a Igreja para temas mais atuais, como mudanças climáticas, sexualidade, mulheres e divorciados, imigrantes... Pregava uma Igreja acolhedora. Enfim, tentou, pelo diálogo, trazer os fiéis de volta à Santa Sé. E buscar os de pouca fé.

Dizia sempre que não deveríamos julgar ninguém — e, claro, criou opositores e inimigos dentro e fora do Vaticano.

Então, como ainda é cedo para falarmos em legado, e sabedores de que os ventos que sopram no mundo dividem povos entre esquerda e direita, conservadores e liberais, cristãos e não cristãos, veremos o que definirá o catolicismo neste século, após a escolha do novo papa. Já existem nomes que despontam entre os favoritos e estão em todos estes matizes. Vamos aguardar o Conclave e o que sairá dele.

Aliás, sugiro que assistam ao filme “Conclave”. E espero uma escolha divina.

Enquanto isso, nestes próximos dias, teremos tempo de nos despedirmos do franciscano Jorge Bergoglio, que nos deixou exemplos e mais exemplos de como professar nossa fé e de como agir em prol de todos, indistintamente.

Torcedor do São Lorenzo, preferia Pelé a Maradona e Messi. O homem que abominava a Economia dos excluídos não citava versículos em vão. Vivia como pregava.

Francisco, vá em paz. O mundo sentirá sua falta. Amém!

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