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Ferrovia inoperante para passageiros

José Humberto Guimarães
Publicado em 24/08/2022 às 19:10Atualizado em 18/12/2022 às 14:04
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Turismo é um dos negócios que mais movimentam a economia de países europeus e dos Estados Unidos da América do Norte. É seguramente o segmento que mais gera emprego e renda nestas regiões. Milhões de turistas são atraídos para estas localidades em busca de lazer, recreação e saúde. Pode-se também incluir nesta lista muitas outras modalidades de atrações, tais como a religiosidade, cultura e negócios. A França é o país mais visitado no mundo, recebendo 80 milhões de turistas por ano. A China vem crescendo na recepção de visitantes, já ocupando o quarto lugar no ranking mundial. A Organização Mundial do Turismo contabilizou 1 bilhão e quinhentos milhões de chegadas de pessoas pelo mundo afora em 2019.

As ferrovias têm participação expressiva na locomoção das pessoas na maioria dos países com forte movimentação turística, tanto pelo conforto e segurança que oferecem quanto pela permeabilidade no cenário paisagístico que disponibilizam aos usuários. Por estes motivos, trem e turista estão intrinsecamente ligados, como se pode comprovar com a movimentação ferroviária na França, onde a malha de 32 mil quilômetros percorre a maioria das cidades do país, e na China, onde as ferrovias aumentaram 35 mil quilômetros em apenas 20 anos.

Já no Brasil, um país de dimensões continentais e com inumeráveis atrações, as ferrovias tiveram sua estagnação e até mesmo a demolição quando aqui se instalaram fábricas de automóveis e priorizou-se a construção de rodovias em detrimento das linhas férreas. Na atualidade, o país conta com cerca de 30 mil quilômetros de estradas de ferro.

Minas Gerais tem a segunda maior malha ferroviária do país e, além das atrações existentes, como as cidades históricas, pode ampliar enormemente outros cenários interessantes para fomento turístico, utilizando as linhas férreas já instaladas. Este é o caso da ferrovia que liga Uberaba a Belo Horizonte passando por Araxá.

Esta ferrovia, que foi construída há mais de um século para transportar pessoas, está interditada para passageiros há 43 anos e é utilizada desde então somente para o transporte de cargas.

Uma linha férrea que funciona entre capital do Estado, Belo Horizonte, e o Triângulo Mineiro, passando por Araxá, inoperante para passageiros, é no mínimo um descaso sem tamanho para com a sociedade e um desinteresse para com as populações que dela possam usufruir. Araxá é um balneário de águas medicinais conhecido no mundo, local onde está edificado um monumental Grande Hotel, com 35 mil metros quadrados, precariamente utilizado em apenas 10 por cento da sua capacidade de lotação. Como é que um país como o Brasil, com uma importante linha férrea como esta, quer se inserir no contexto mundial de viajantes, desprezando um equipamento que está construído e poderia estar funcionando, movimentando riquezas, gerando emprego e renda?

Há tempos acompanho com interesse os planos elaborados em Uberaba buscando motivar segmentos sociais para produzirem turismo aqui no Triângulo Mineiro. Atrativos inúmeros em várias áreas importantes existem, principalmente na agropecuária tecnificada. Mas, para que estas propostas se materializem, é necessário viabilizar o transporte de turistas nas linhas férreas existentes, as quais por si só poderão ser excelentes atrativos.

José Humberto Guimarães

Consultor para Arrendamentos e Parcerias Rurais

Ex-secretário municipal de Agricultura de Uberaba

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