ARTICULISTAS

Falta de adesão ou falta de comunicação?

José Humberto Guimarães
Publicado em 09/09/2022 às 20:24Atualizado em 18/12/2022 às 14:36
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Leio em uma das páginas deste Jornal da Manhã, edição do último dia dois, que o Instituto Federal de Ensino, entidade equivalente a uma Universidade, com sua sede em Uberaba e nove campi no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, está interrompendo a realização de novos vestibulares para o Curso de Tecnologia em Alimentos por falta de interessados nesta profissão. Ora, não podemos nos conformar com este despropósito.

Num país onde o agronegócio ganha status de um dos maiores produtores de alimentos do mundo, ocupando o terceiro lugar no ranking e convive com a existência de treze milhões de desempregados, soa muito mal esta incompatibilidade.

A sociedade brasileira, nas mais diferentes regiões, vem conhecendo, acompanhando e procurando integrar-se às atividades rurais diante do extraordinário desempenho que o país tem apresentado na crescente produção de alimentos para consumo interno e para atendimento do mercado exterior. Tal interesse é motivado, principalmente, pelas oportunidades de trabalho que o setor oferece para inúmeras profissões já amplamente conhecidas e para outras que passarão a ser muito mais empregadas.

Este é o caso de profissões técnicas que podem atuar na inadiável tarefa de agregar valores a produtos até agora pouco manufaturados, como, por exemplo, laticínios e produtos cárneos.

É de se louvar a atitude do Diretor de Ensino, Pesquisa e Extensão do IFTM, professor Bruno Garcês, em vir a público informar o grave problema de baixa procura por diversos cursos, seja aqui ou em outras localidades. Assim o professor oportuniza à sociedade o conhecimento deste desperdício de recursos e busca mobilizá-la para a coparticipação na difusão dos importantes ensinos que a ela são disponibilizados.

Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba são regiões expressivas na produção de grãos e de leite e outros derivados de origem animal que ainda são pouco processados para consumo de mesa. Como exemplo, temos o caso de Uberaba, que no ano de 2020 gerou 44 milhões de litros de leite e só tem três pequenos laticínios. Uma parte, senão a maior desta produção, é originada de pequenos agropecuaristas que estão empobrecendo e migrando para cidades.

Estas regiões têm, aproximadamente, 9 milhões de hectares (quase do tamanho de Portugal), 61 municípios, 41 sindicatos rurais e cerca de 2 milhões de habitantes e a agropecuária é comprovadamente a espinha dorsal da economia.

Pode-se afirmar que, com este perfil, a região é vocacionada para o agro e por certo tem contingente interessado não somente para o curso de Tecnologia em Alimentos, mas para todos os cursos que o Instituto oferece.

Famílias locais, afligidas pela falta de trabalho de seus componentes, podem se interessar pelos cursos oferecidos pelo IFTM desde que convenientemente informadas sobre seus conteúdos e locais de aplicação, e, mais ainda, por saberem que esses ensinos são isentos de quaisquer custos.

Perante o exposto, fica o compromisso público de colaborar com a ampla divulgação da oferta de ensino, pesquisa e extensão, saberes que no IFTM são desenvolvidos direcionados para o agro.

José Humberto Guimarães

Consultor para Parcerias e Arrendamentos Rurais; ex-secretário municipal de Agricultura de Uberaba

 

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