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Exemplo para Uberlândia

José Humberto Guimarães
Publicado em 08/12/2022 às 18:34Atualizado em 26/12/2022 às 22:56
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Nem sempre os aspectos que rivalizam Uberaba e Uberlândia foram desfavoráveis aos uberabenses quanto costumam alardear por aí. É sabido que, de uns anos para cá, o nosso vizinho município protagonizou maior número de feitos, cujas performances o levaram a se tornar um dos principais do país no tocante ao desenvolvimento econômico.

No entanto, numa atividade que na atualidade é motivo de interesse global, tem perspectivas de crescimento incomensurável, sua produção é privilégio de um pequeno grupo de países e seus frutos, indispensáveis para a vida e disputados pela população mundial, nesta, sim, Uberaba é muitíssimo maior que Uberlândia: a agricultura.

E foi nos imitando que os uberlandenses se estabeleceram na produção de grãos. Para tanto, vale a pena relembrar os fatos. Era o ano de 1986 e as discussões sobre a ocupação e uso econômico da terra no país estavam inflamadas. Em Uberaba, um inédito e pioneiro programa instrumentava meios de produção eficientes sem desapropriar terras e atraía empreendedores profissionais de zonas agrícolas tradicionais do país. Proprietários de grandes áreas aquiesciam ao modelo de exploração proposto e assumiam, através de arrendamentos, a execução de uma agricultura moderna, dirigida para a produção de soja, integrando lavoura e pecuária.

A Bolsa de Arrendamento de Terras criada em Uberaba, pelo seu ineditismo, ocupava manchetes e matérias jornalísticas nos principais veículos de comunicação do país. Foi quando Uberlândia se apressou em vir conhecer o trabalho em execução e instalou uma BAT com o nome de PAT – Programa de Arrendamento de Terras, para ser operacionalizado como já o fazíamos aqui.

E, o que foi melhor, como bons vizinhos, nos tornamos parceiros. Uberlândia “arregaçou as mangas” e partiu para mobilizar proprietários de terras. Como o fluxo de interessados em se instalar na região era grande, aqueles lavouristas que, por algum motivo, deixavam de se interessar por sua permanência aqui encaminhávamos para lá. E vice-versa.

Evidente que o somatório de esforços proporcionados pela parceria resultou na introdução de lavouras não somente nos dois municípios que a protagonizavam, mas interferiu na disposição para a causa em todas as regiões do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. O envolvimento da sociedade com a causa da boa ocupação da terra através de práticas agrícolas para a produção de soja ganhou corpo. Em Uberlândia, depois de cinco anos de funcionamento, o PAT contabilizou 103 contratos de arrendamento para o cultivo de 31.500 hectares. Ituiutaba, município mais distante, aproveitou-se do movimento e também montou seu PAT e atraiu bom contingente de profissionais agricultores. Todos nós ganhamos. Último registro do IBGE, de 2021, apresenta Uberaba com 168 mil hectares de lavouras de soja, milho, sorgo e trigo, e Uberlândia, com total de 88.100 mil hectares das mesmas culturas.

José Humberto Guimarães

Consultor para Parcerias e Arrendamentos Rurais; ex-secretário municipal de Agricultura de Uberaba

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