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BANCO DE ALIMENTOS "MESA BRASIL"

José Humberto Guimarães
Publicado em 05/07/2022 às 20:17Atualizado em 18/12/2022 às 21:42
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Só há um jeito de se combater a fome: produzindo comida! E se tem um lugar no mundo onde sobra espaço para se produzir alimentos é no Brasil. O que está ocorrendo, então, no país para que a fome esteja assolando mais de 33 milhões de pessoas? Não dá para entender! Mas vamos lá, tocar no âmago da questão.

Uma significativa parte da redução da oferta de produtos alimentícios no mercado é decorrente da diminuição da produção da agricultura familiar, como consequência da escassez dos recursos financeiros que lhe eram remetidos pelo governo federal na compra de alimentos destinados a programas sociais. Estes pequenos produtores, que ainda permanecem no campo, produzem para o consumo familiar e comercializam excedentes e, na atualidade, não estão tendo a quem vender suas safras.

Os programas governamentais que proviam o setor eram a garantia de mercado e, também, de preços mínimos para um universo de, aproximadamente, dez milhões de pessoas – 67 por cento dos trabalhadores em atividades agropecuárias – explorando economicamente 3 milhões e 800 mil estabelecimentos rurais que somam 80 milhões de hectares, componentes do setor agrofamiliar.

Valendo-se dos benefícios então disponibilizados, produtores se profissionalizavam e ampliavam as lavouras para colocarem o excedente das safras no mercado consumidor do país. A maior oferta de produtos causava fartura e a abundância propiciava preços acessíveis aos consumidores e renda assegurada aos produtores.

Observe-se, agora, o que acontece com o segmento da agricultura familiar em Uberaba. A partir de 2006, para instrumentar projetos que visavam abastecer instituições filantrópicas com comida, a Secretaria de Agricultura do município habilitou hortifruticultores para o suprimento das casas assistenciais através de um Banco de Alimentos. Foram credenciados 1.813 pequenos agropecuaristas ao longo de sete anos. Deste elenco foi possível manter ativados 350 hortifruticultores e 220 pecuaristas.

Foi desta forma que se instituiu o Banco de Alimentos “Chico Xavier” no antigo mercado distrital, onde se recebia e distribuía produtos, atendendo 327 instituições filantrópicas. Por consequência do trabalho e boa relação profissional com produtores de hortifrutigranjeiros de todos os portes, o Banco de Alimentos obtinha também, por doação, grandes volumes de variados produtos, que eram incorporados ao estoque da Instituição, estoque este que era consumido e renovado semanalmente. Esse trabalho durou até o final de 2012. Na atualidade, por não se ter elenco pertinente de produtores habilitados, faltam agricultores para compatibilizar produção com as necessidades das instituições de filantropia – são apenas 201 agricultores constantes no relatório do Ministério da Cidadania.

Oportunamente, em março de 2021, o Sesc de Uberaba, com o apoio do Rotary Club, do Lions Clube e da Maçonaria, revitalizou as funções de um Banco de Alimentos, sob a denominação de Mesa Brasil. É dirigido pela gerente Rejane Bahia e tem a participação deste que aqui escreve como voluntário para captar doadores de Uberaba, dado ao nosso trabalho desenvolvido na municipalidade. Teve seu reinício em março de 2021 e neste primeiro ano de atuação obteve doações de 46 produtores rurais que destinaram 170 toneladas de produtos hortigranjeiros distribuídos para mais de 100 instituições.

Desta forma, a iniciativa privada, através do Sesc e de produtores rurais generosos, vem cumprindo uma importante participação no combate à fome, organizando meios para ampliar sua profícua atuação em Uberaba.

José Humberto Guimarães

Consultor para Arrendamentos e Parcerias Rurais

Ex-secretário municipal de Agricultura de Uberaba

 

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