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Agricultura regenerativa

José Humberto Guimarães
Publicado em 30/11/2022 às 20:06Atualizado em 15/12/2022 às 22:44
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A introdução de lavouras de grãos comerciais, especialmente a da cultura da soja via arrendamento em fazendas de pecuária bovina, vem propiciando aos pecuaristas que as adotam rendimentos compensadores na remuneração pelo uso da terra e interação produtiva com a atividade pastoril, seja ela de cria, recria ou engorda.

Com o extraordinário crescimento da necessidade de comida em diversos países, notadamente na China, impulsionando a busca por alimentos e, consequentemente, a expansão da cultura de grãos no Brasil, a atividade agrícola no país ganhou status empresarial e horizontes comerciais até recentemente inimagináveis. Logicamente, isso despertou a atração de pecuaristas, proprietários de terras aptas à produção de grãos, que passaram a se interessar pelo cultivo de lavouras em terras que até então eram utilizadas somente com a bovinocultura.

Áreas revestidas, em sua maior parte, com pastagens em degradação, deficientes no sustento de bovinos, incapacitadas de abrigar boa lotação animal e com pequena produtividade de leite e carne, estão na atualidade sendo utilizadas para o plantio de grãos. A mudança vem ocorrendo depois que pecuaristas passaram a fazer contas dos rendimentos vantajosos proporcionados pela agricultura em integração com a pecuária. Estão encontrando no arrendamento agrícola a forma de inserção de glebas agricultáveis ao processo produtivo de grãos.

Calculando-se que a produção média de carne por hectare/ano nestas áreas em degradação esteja em torno de apenas quatro arrobas, aplicando-se capital e trabalho, quando o normal seriam 12 arrobas, a instalação de lavouras em substituição às pastagens propicia resultado financeiro altamente compensador. No entanto, ainda que considerando bons índices de produtividade para a pecuária, executada com interação eficiente de plantel, pasto e manejo, o modelo de integração agrícola via arrendamento proporciona mais ganhos para as lavouras em relação à bovinocultura praticada em áreas pendentes de revitalização.

Esta alternativa está proporcionando a um só tempo a melhor remuneração pelo uso da terra com a agricultura, a revitalização da área que estava deteriorada, a obtenção de renda diversificada da pecuária e a viabilização de pastagens nutritivas em revezamento com as lavouras.

Há também um ganho altamente interessante, que pode ser acrescido como injetor de eficiência na atividade pastoril do arrendador, que é o uso da palhada da lavoura, formada de gramíneas que constituem o revestimento vegetal a ser dessecado para o plantio direto. Esta prática intermediária tem sido adotada de maio a setembro, ocasião de escassez de forragem, e os resultados obtidos estão sendo considerados bons para o período da estiagem.

Há ainda um imenso espaço territorial disponível no país sob a forma de pastos degradados. Essas áreas, em grande parte, são agricultáveis e apropriadas para a cultura de grãos. O meio propício de revitalizá-las, obtendo compensadora remuneração, é cedê-las em arrendamento. Este procedimento viabiliza a participação de um número maior de pecuaristas ao processo de integração lavoura/pecuária, tendo como consequência o desenvolvimento socioeconômico do país.

José Humberto Guimarães

Consultor para Parcerias e Arrendamentos Rurais; ex-secretário municipal de Agricultura de Uberaba

 

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