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Vida de princesa!

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 25/10/2022 às 19:02Atualizado em 16/12/2022 às 00:18
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Desde sempre, até os dias atuais, pensa-se que a vida de princesa é plena em todos os sentidos: beleza, dinheiro, amores, felicidade; enfim, tudo que conseguimos imaginar de bom. Será que realmente é assim? Vamos buscar na história, algumas princesas, e analisar suas vidas quanto às oportunidades e óbices, deixando a conclusão com cada um.

A primeira é Dona Joana de Castela e Aragão. Filha de Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão, nasceu em 6/11/1479, em Toledo, na Espanha, e faleceu em 22/4/1555, no Castelo de Tordesilhas, onde viveu os últimos 47 anos da sua vida. Casada com Felipe I de Castela, aos 16 anos de 1496 a 1506, quando do seu falecimento, a partir de então viúva e encarcerada até sua morte.

Seguindo os costumes de então, o contrato de casamento foi celebrado entre os pais, e enviados pinturas/retratos de ambos para aprovação. Quando se viram pessoalmente, foram tomados de profunda e avassaladora atração e solicitaram cerimônia antecipada para consumação imediata. Os nubentes eram conhecidos pela beleza, o que valeu a ele a alcunha de Felipe, o Belo, e ela, como a filha mais bonita dos reis católicos da Espanha. Analisando as duas pinturas comprovamos a beleza melancólica de Joana e concluímos que Felipe obteve a alcunha de Belo devido à sua presença e dotes corporais, bem como ser bom desportista e dançarino.

Sabendo das diferenças entre a corte francesa e a espanhola católica, assim D. Felipe mantinha várias conquistas e amantes, o que desagradava sobremaneira a filha de D. Isabel I e, tal qual sua mãe, que mantinha-se vigilante, afastando toda dama que despertasse interesse em seu marido, Joana, diferentemente, agredia e feria qualquer dama que atraísse o olhar de Felipe. Eram mulheres ciumentas, e D. Joana chegava mesmo a ferir qualquer dama considerada rival.

Os textos antigos, e também os atuais, não conseguem definir com segurança pela doença ou saúde emocional da rainha. Observando a forma como lidou com a morte prematura do seu esposo, percebe-se o caráter cindido de sua estrutura psíquica. Um quadro retratando o velório infindável de Joana ao seu marido, mostra sua dificuldade em lidar com a morte. Assim, inicia viagens noturnas, com toda a corte até Granada, percorrendo quilômetros e quilômetros a pé, no sexto mês de gravidez, durante a noite, com a chave do caixão no pescoço e abrindo-o sempre para se certificar de que era ele mesmo. Recusou-se a enterrar. Em Torquemada, dá à luz a Catalina, sua sexta filha, e enfrenta tranquilamente a peste que dizima uma camareira e 6 homens do arcebispo. Começa a descuidar de sua aparência: não se lava, não troca de roupas, come no chão como cachorro.

Durante sua vida, Joana enfrenta a nobreza, marido, pai e filho, tendo em vista o atrativo poder de governar reinos ricos, concluindo por sua competência ou incompetência em fazê-lo.

Enquanto isso, se torna encarcerada no Castelo/Prisão de Tordesilhas por longos 47 anos.

Ilcea Borba Marquez

Psicóloga e psicanalista

 

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