Sede própria da ALTM – Uma história em movimento
No último dia 15/11, nossa academia completou 54 anos de fundação e nesse mesmo mês...
No último dia 15/11, nossa academia completou 54 anos de fundação e nesse mesmo mês ela firmou contrato de comodato por 10 anos renováveis para uma sede própria: o Casarão da rua Lauro Borges, 347, de propriedade anterior da família Azevedo e atual da Universidade de Uberaba (Uniube). Os endereços se multiplicam, se somam, se perdem, se trocam, às vezes rapidamente, como agora, em total desacordo com a estabilidade dos princípios que norteiam a Academia de Letras do Triângulo Mineiro.
Convido-os a conhecerem nosso novo lar. Um casarão forte, sustentado por colunas maciças, trazendo já na fachada a crença religiosa dos seus construtores e proprietários: Nossa Senhora, na gruta. Na escola onde muitas de nós estudamos também tinha uma gruta e a imagem de Nossa Senhora – Colégio Nossa Senhora das Dores, onde talvez muitas alunas angustiadas iam em busca de ajuda para se sair melhor nas provas escolares ou para não ser punidas em casa, devido ao mau desempenho, que tanto podia ser disciplinar quanto de aprendizagem. Acredito, também, que alunas em sofrimento amoroso iam à gruta em busca de solução aos anseios mais dolorosamente ocultos – respostas afetivas estáveis e prazerosas.
Nesse casarão, a gruta instalada no vão da escadaria que lhe dá acesso parece confirmar proteção especial aos moradores e “descarrego” dos visitantes perigosos.
Acredito que a construção foi trabalhosa, lenta e cara, já que no seu interior as paredes trazem afrescos que o tempo não conseguiu destruir, mesmo que ocultados por numerosas pinturas. O minucioso trabalho de restauração empreendido pelos alunos do curso de Arquitetura revela a beleza radiosa de paisagens, arabescos e figuras que descobrimos, pasmos de admiração.
Em pouco tempo, ficamos sabendo de várias famílias que moraram no casarão. Também vários casamentos aos quais serviu de cenário e, certamente, muitos batizados, festas para os jovens e adultos. Já nos contaram, também, que nos porões a criançada se libertava para os pega-pega, casinha, maria viola, pique, rodas e bola. Podemos sonhar com muita beleza e alegria, mas certamente ele também sustentou tristeza e desespero com a doença e morte dos seus habitantes.
Nos próximos 10 anos, estaremos lá, saboreando sua proteção e, quem sabe, sonhando os sonhos sonhados antes pelos que lá estiveram: um lugar perfeito para abrigar os sensíveis poetas e romancistas que lá, a partir da sombra de segurança das grossas paredes e do sólido teto, imaginarão obras que amaremos ler.
Obrigada a todos aqui presentes, testemunhas de mais essa conquista da Academia de Letras do Triangulo Mineiro - 2016.
(*) Psicóloga e psicanalista
