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Sabedoria subversa

Dentre tantos objetivos difíceis de alcançar um se sobressai pelo grau de dificuldade que apresenta: a busca da sabedoria. É um caminho íngreme, extenso, com inumeráveis obstáculos

Ilcéa Borba Marquez
Publicado em 16/09/2009 às 20:07Atualizado em 17/12/2022 às 05:19
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Dentre tantos objetivos difíceis de alcançar um se sobressai pelo grau de dificuldade que apresenta: a busca da sabedoria. É um caminho íngreme, extenso, com inumeráveis obstáculos, e, atualmente, sem reconhecimento social, o que leva seu aspirante/caminhante a uma incomoda sensação de menos valia, e assim poucos tentam percorre-lo. São anos e anos de muita leitura, discussões, busca de orientadores capazes e, no fim uma constataçã por mais que se faça ainda resta muito a ser feito. A busca da sabedoria se mostra como um objeto de desejo para toda uma vida, ainda assim com muita perseverança.

Num mundo internauta onde a noção de tempo e espaço precisa ser reinventada, buscar sabedoria tornou-se “andar na contramão da história”. Como dedicar sua vida numa meta de longuíssimo prazo e perseverante dedicação tendo que escolher o oposto de uma imensa maioria preocupada apenas com o aqui e agora do prazer como instantâneos tirados do viver que se tornam provisórios e inconsequentes? Dessa forma ainda acrescenta-se à longa lista de qualidades exigidas para a busca de sabedoria o acostumar-se à solidão. Poucos se interessam por este percurso inatual e demorado, mesmo porque os valores sociais revelados nas decisões governamentais indicam principalmente o oposto de tudo. Basta pensar nesta última sacada “dês-governamental popular” que tenta empurrar “goela abaixo” dos brasileiros um sistema de cotas para ingresso nas faculdades públicas dos afro-descendentes, dos indígenas ou dos oriundos das escolas públicas de Ensino Fundamental e Médio, sob o argumento de assim corrigir antigos erros ou omissões que acabaram gerando as diferentes classes sociais e culturais.

Entretanto, o conhecimento histórico permite entender esta balburdia, basta lembrar da Revolução Cultural lançada pelo Maoismo, quando sob a ditadura de Mao os chineses aboliram todos os cursos superiores e o exercício de qualquer profissão foi liberado sem a preparação teórico/técnica que o precede. Nem é preciso dizer o caos que esta medida provocou. Com uma só canetada o esquerdista eliminou as experiências anteriores sabiamente acumuladas, bem como a transmissão sistemática deste saber e a preparação supervisionada do profissional que tem a saúde, a moradia e o bem-estar social das pessoas em suas mãos. É preciso reconhecer: só se dá o que se tem.

(*) psicóloga e psicanalista

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