ARTICULISTAS

Ao orar lembre-se das qualidades

Heloisa Helena Valladares Ribeiro
@heloisaribeiro1704 @valladares.ribeiroadvogados
Publicado em 05/07/2025 às 10:29
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Nossa personagem “Maria” foi infectada pelo vírus da dengue, pela segunda vez; as dores foram mais fortes nas articulações, na cabeça, nos olhos, muito inchaço e um cansaço inexplicável. Ficou afastada de suas atividades habituais por vinte dias e ainda se encontra em recuperação.

Extremamente fragilizada, Maria não consegue entender o que motiva a pessoa a tirar a própria vida. Acha que muitas vezes a pessoa cai em uma armadilha. Acredita que o ser, ao cometer o ato, está num grande emaranhado, não enxerga qualquer saída. Muitos se sentem desamparados, não suportam viver em sociedade, sem vontade às vezes até de respirar. Entende que nem todo ato é voluntário, pois a dor da alma desconhece a presença de Deus.

Para ouvir a voz encantadora daquela mulher, Maria se reportou ao programa “ÍDOLOS” (07.04.2007), quando, diante dos jurados, demonstrou a sua personalidade.

A primeira música por ela interpretada “ESQUADROS” (ADRIANA CALCANHOTTO - 1992), atualíssima, aborda de forma poética a percepção do mundo e a busca por conexão em meio à alienação cotidiana: “Eu ando pelo mundo prestando atenção/Em cores que eu não sei o nome/Cores de Almodóvar/Cores de Frida Kahlo, cores/ Passeio pelo escuro/Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve/ Como uma segunda pele, um calo, uma casca/Uma cápsula protetora/Eu quero chegar antes...”

Maria se recorda do refrão, onde tudo é visto pela janela, onde tudo é enquadrado, assim se remete aos dias de hoje, onde há muita tela, mas também muito isolamento; onde há muita arte, mas também muita fome; onde travam guerra, mas omitem a pacificação.

Maria não tem pressa, não quer interpretar o ato, não há o que comentar, o silêncio muitas vezes é a maior demonstração de respeito pela memória de uma vida. Naquele dia, a cantora exerceu sua arte com um fim útil, segundo suas aptidões naturais, contudo, nas entrelinhas, ARNALDO SARCOMANI, conhecedor da dor humana, saca a artista: “Então, eu adorei você, meu voto é sim...agora tem uma polêmica aí...essa coisa de você não se mostrar de verdade faz parte do artista, o artista é meio assim...

A segunda canção interpretada mostra a que veio, encantando a todos: “E se eu chorar/E o sal molhar o meu sorriso/Não se espante, cante/Que o teu canto é a minha força pra cantar/Quando eu soltar a minha voz/Por favor, entenda/É apenas o meu jeito de viver/O que é amar...” (“SANGRANDO” – GONZAGUINHA – 1978). Após ela interpretar Gonzaguinha, Arnaldo concluiu: oh, se não mudarem o voto, está todo mundo louco!

Maria não sabe explicar por que para alguns a vida se escoa mais rapidamente. A falta de força, de coragem diante das provas, das tribulações, coloca-nos no vazio existencial. Hoje a depressão é vista como o mal do século XXI. Cada ser humano pode vir a ser vítima de um surto que o leva a tirar a própria vida.

Maria fala aos pais, Rolando e Dinorá, que CHICO XAVIER dizia: “a oração de uma mãe arromba as portas do céu”. Maria lembra a Elis (filha) que Deus é misericordioso para aqueles que não resistem às provações. As circunstâncias que levaram ao ato de desespero não apagam suas qualidades, que poderão ser contabilizadas; reporte-se aos momentos felizes.

Maria sorri e lembra de uma canção eterna que surtirá efeito onde quer que esteja esse ser: “Se eu quiser falar com Deus... Tenho que esquecer a data/Tenho que perder a conta/ Tenho que ter mãos vazias/Ter a alma e o corpo nus... (GILBERTO GIL – 1981). Conclui Maria que o trabalho dos familiares continua, porque a morte nos faz sair do corpo físico, mas não da vida; não devemos nos prender ao ato, contudo, tenhamos fé na compaixão de Deus; entre nós e o ente querido, que seja apenas um até breve.

 Heloisa Helena Valladares Ribeiro -

Advogada e membro do IBDFAM

@heloisaribeiro1704

@valladares.ribeiroadvogados

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