ARTICULISTAS

Violação de tratado nuclear

Guido Bilharinho
Publicado em 28/06/2025 às 11:37
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Os poderes do mundo estão se destravando. Aí mora o perigo!

O ataque com drones promovido contra a Rússia no início do mês de junho último tem origens e implicações – e poderá ter consequências – que vão muito além das parcas (e até comemorativas) informações da mídia ocidental.

O ataque visou bombardeiros estratégicos TU-95, que compõem, conforme o jornalista Pepe Escobar (no canal Pepe Café no YouTube, reproduzido pelo    BR247), a tríade nuclear russa. Esse ataque é considerado pelas autoridades russas como “o embrião de uma declaração de guerra”, sendo “essencialmente uma operação da Otan”.

Não poderia, de maneira alguma, ter sido efetuado. Segundo o diplomata britânico Alastair Crooke, ouvido por Escobar, “o ataque rompeu um protocolo histórico do Tratado New START, que previa a exposição de bombardeiros nucleares a céu aberto como forma de garantir a verificação mútua entre potências atômicas”.

Tais bombardeiros, pois, tanto os russos quanto os estadunidenses, são intocáveis.

Escobar ainda informa que o citado diplomata “aponta que, embora a execução tenha sido ucraniana, o planejamento e a autorização da operação teriam envolvido diretamente setores da CIA e do MI6 – as agências de inteligência do EUA e do Reino Unido”.

A ruptura do citado Tratado altera o equilíbrio existente desde a Guerra Fria, a tal ponto que, a seu ver, “o Tratado New START, que previa o monitoramento mútuo de armamentos nucleares estratégicos, foi efetivamente inviabilizado”.

O fundamental, para Escobar, é que “simples enxurrada de drones [...] pode atingir ativos nucleares de uma superpotência, o que transforma completamente o cenário de segurança internacional”.

Segundo ele, “o dilema russo: retaliar sem provocar a Terceira Guerra Mundial”. E, ainda, “a dúvida mais crítica em Moscou hoje é: Trump sabia? Ou foi mantido à margem, como parte de uma estratégia de negação plausível?”

*

Por sua vez, sobre a questão o célebre economista “Jeffrey Sachs alerta: Otan e Rússia estão à beira de uma guerra nuclear”, em entrevista ao canal de Glenn Diesen, reproduzida pelo BR247.

Segundo ele, “os ataques recentes contra bombardeiros estratégicos russos, realizados com provável apoio da CIA e do MI6 britânico, representam uma ruptura grave nos acordos de controle de armas nucleares que garantiram a estabilidade internacional durante a Guerra Fria. A leviandade, a insensatez, a imprudência do comportamento ocidental e da mídia ocidental são chocantes”.

E mais ainda: “perdemos o controle de nossas instituições políticas sobre a política externa. A CIA tem guiado a política [norte-]americana por décadas, em segredo e com mentiras”.

A respeito de Trump, afirmou Sachs, “talvez simplesmente não esteja no controle [...] um presidente responsável deveria dizer algo ao público, à CIA, à Rússia, para evitar que isso se transforme em uma catástrofe”.

*

Como se verifica por essa série de artigos – “O Mundo Armado” e o “Mundo em Perigo” – dia a dia a situação mundial vai-se agravando sem que ninguém e nenhuma organização esteja eficazmente fazendo ou podendo fazer algo para estancar essa escalada de estupidez e insensatez limítrofe da mais arrematada loucura. A continuar nesse passo caminha-se para suicídio coletivo da humanidade, até por simples equívoco ou acidente, quando não deliberadamente.

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