O médico uberabense Platão Pühler disse certa vez, diante de mais uma iniciativa cultural de seu pai, Erwin Pühler, que ele sempre o surpreendia.
É o que também ocorre com Uberaba. Sempre surpreendente, completa caixa de surpresas.
Não bastaram:
- A descoberta, a valorização e a persistente e metódica importação do gado zebu diretamente da Índia e seu posterior aprimoramento, seleção e difusão por todo o Brasil promovidos pelos fazendeiros uberabenses;
- A publicação, em 1901, pela imprensa oficial em Belo Horizonte, da novela O Outro, de autoria de Artur Lobo, que estudou em Uberaba na juventude e a ela retornou em 1893 como professor da Escola Normal Oficial, a primeira obra de ficção a tratar do fenômeno do duplo no país;
- A edição, em 1904/1905, da Revista de Uberaba, dirigida pelo advogado e promotor de Justiça Felício Buarque, em tudo antecipadora da futura Revista do Brasil, publicada em São Paulo/SP, por Monteiro Lobato, alguns anos depois.
- A edição, em 1922, do primeiro romance brasileiro, quiçá mundial, a ter o futebol como tema central, O Grande Esportista, do engenheiro civil Pascoal Toti Filho;
- A segunda história do futebol elaborada no país, a História do Futebol em Uberaba, em 1922;
- O levantamento minucioso de todo o sistema fluvial do município de Uberaba na década de 1920;
- A elaboração da história política do município de 1840 a 1930 aproximadamente, tanto a manifesta e exposta quanto a ocorrida nos bastidores;
- A formulação do cronologicamente segundo livro do país sobre dialetos brasileiros, O Dialeto Capiau, no início da década de 1930;
- O levantamento, reunião e sistematização de toda a legislação do munícipio desde a lei nº 01, de 22/03/1892, à lei nº 700, de 15/09/1930, além dos decretos, resoluções e portarias municipais expedidos no período;
- A indicação, por seus países de origem, de todas as famílias de imigrantes que vieram para Uberaba.
Excetuadas as quatro primeiras indicações, todas as demais foram procedidas pelo engenheiro agrônomo Hildebrando Pontes (1879-1940), que, por sinal, também participou e contribuiu para a importação do zebu, chefiando uma das dezenas de missões mandadas por Uberaba à Índia, bem como ideou e incentivou a realização da grande e célebre exposição de zebu realizada na cidade em 1911.
Não bastaram ainda:
- A elaboração e edição a partir de 1980 da História da Medicina em Uberaba pelo médico José Soares Bilharinho (1918-1993), em nove volumes, seis dos quais já publicados, contendo, além do mais, nada menos de umas duzentas biografias de médicos que atuaram na cidade.
- A existência e atividades em Uberaba do maior fenômeno literário brasileiro, digno do Prêmio Nobel de Literatura, José Humberto Henriques, com seus mais de cem romances, mais de cem livros de contos, mais de cem livros de poesia, além de outros gêneros, atingindo, em dezembro de 2024, 422 (quatrocentos e vinte e dois) livros publicados na Amazon.
- Nem de Uberaba ser a única cidade do país até o momento de ter livros sobre seus periódicos culturais e sobre seu patrimônio cultural.
Não! Tudo isso e mais o que possivelmente se omitiu, tal a característica dinâmica e criativa da cidade, não bastaram.
Mais uma surpresa ainda estava por vir:
- O monumental Diário de Uberaba, de autoria do médico Marcelo Prata (1932-), elaborado em anos e anos de dedicação, esforço, disciplina e persistência.
Nele, ao percorrer os anos, as décadas e os séculos da Colonização e do Império brasileiros (1500 a 1889), o autor inscreve os precedentes mais notáveis do amplo e contextualizado painel que permitiu e conduziu à fundação de Uberaba, paralelizando daí em diante (desde 1816) seu desenvolvimento com a História do Império (Primeiro e Segundo Reinados) e, a partir do advento da República (novembro/1889), dedicando-se exclusivamente a Uberaba com pontuais referências a acontecimentos nacionais nela repercutidos.
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Dadas as dimensões da obra, com suas mais de 20 (vinte) mil páginas em corpo 15, optou-se por sua publicação em blog próprio e exclusivo (diariodeuberaba.wordpress e diariouberabense.blogspot), volume por volume, divididos e limitados de conformidade com os períodos a que se referem, segundo a ordem cronológica.
Advogado em Uberaba e editor das revistas culturais eletrônicas Primax (Arte e Cultura), Nexos (Estudos Regionais) e Silfo (Autores Uberabenses)