Sabe aquele malandro que gosta de enganar os outros, aplicando pequenos golpes? Agora ele não precisa se vestir com boas roupas e gastar o repertório de palavras para se dar bem em cima do prejuízo alheio, pois, sentado na frente do computador ou do celular, pode praticar os mais diversos delitos pela internet.
Os números de vítimas dos golpes digitais não param de aumentar, assim como as modalidades desse tipo de crime. Ao contrário do bandido comum, que age nas ruas, os malandros digitais são mais sofisticados. Geralmente, trabalham em bandos e há pessoas tecnicamente qualificadas envolvidas, que sabem como enganar usuários e burlar sistemas de segurança da informação, às vezes com maestria.
Hoje, o Brasil ocupa a segunda posição no ranking mundial de ataques digitais. Segundo dados da Agência Senado, só no ano passado, mais de 40,85 milhões de pessoas perderam dinheiro em algum tipo de crime cibernético, como clonagem de cartão, fraude na internet ou invasão de contas bancárias. Outro dado interessante levantado pelo Instituto de Pesquisa DataSenado está na faixa etária dos usuários que “caíram” nos golpes. A maioria deles é de jovens entre 16 e 29 anos, somando 27% das vítimas. Já a faixa com mais de 60 anos, considerada mais suscetível, representa cerca de 16%. Essas informações deixam claro que todos estamos vulneráveis às ações ilícitas dos bandidos digitais.
Também fica quase impossível nos blindar dos oportunistas. Os ataques vêm por todos os meios. Ao acessar caixas de e-mail, via mensagem de SMS, WhatsApp ou até mesmo por videochamada. Já teve golpe de falsa vaga de emprego, que notoriamente enganou muitos possíveis candidatos desempregados; também se tornaram comuns os e-mails fake com identidade visual de empresas reconhecidas no mercado comunicando falta de pagamento dos serviços prestados, para dessa forma encaminhar um boleto com dados de terceiros. Tem os canais de redes sociais que publicam notícias irreais visando ganhar audiência para monetizar os vídeos às custas da ingenuidade dos espectadores desatentos.
Dia desses, li uma matéria em que uma mãe recebeu uma ligação de vídeo. Ela estava falando com a “suposta filha” normalmente, foi então que percebeu o golpe quando a personagem criada por inteligência artificial (o rosto e a voz eram iguais a da filha) a chamou pelo nome formal, e não pelo apelido carinhoso. Se não fosse esse detalhe, ela seria a próxima vítima.
O golpista virtual é a nova profissão do século XXI. O pior, minha gente, é que, apesar de todos os esforços da OAB e de toda a classe de advogados do país, ainda não existe legislação para esse tipo de delito, ou seja, como sempre, nós, cidadãos trabalhadores, estamos vulneráveis às falcatruas dos meliantes, só que agora no mundo digital, que é ainda mais difícil de combater. Isso quer dizer que a nossa única arma é a informação e atenção redobrada!
Todos nós precisamos nos municiar de mais conhecimento do que a turma do mal, porque os golpes estão cada vez mais profissionais. Ao receber e-mails, confira sempre o remetente; nunca clique em links nas comunicações que recebe se não reconhece o usuário; ficou em dúvida no modo como um conhecido escreveu ou no pedido que solicitou a você? Melhor desconfiar e ligar para saber se foi ele mesmo que fez a solicitação. Infelizmente, a malandragem está correndo livre, leve e solta pela internet. Não estamos seguros nas ruas e nem no mundo virtual. Brasileiro não tem direitos, não pode relaxar. Já diz o ditado: “Brasil não é para amadores”.
